Título: Desconfiança sobre Espanha aumenta e contamina França, Áustria e Bélgica
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Fonte: O Globo, 16/11/2011, Economia, p. 22

Juros exigidos por investidor em bônus soberanos espanhóis chegam a 6,3%

Do El País*

MADRI. Pelo segundo dia consecutivo, a pressão sobre a Espanha chegou a níveis jamais vistos desde a implementação do euro, mas a desconfiança do mercado também foi sentida por Itália, França e Áustria. Estes dois últimos países, que conseguiram atravessar quase dois anos de crise na Europa mantendo a nota "AAA" das agências de classificação de risco, sentiram a pressão, que atingiu o mesmo patamar que afetou a Itália há cinco meses e que levou Grécia, Irlanda e Portugal a pedir ajuda.

Os prêmios exigidos pelos investidores para comprar títulos desses países em comparação com o que é pedido pelos bônus soberanos alemães - referência por sua estabilidade - foram recordes. No caso da Espanha, 457 pontos básicos, mais de 50 pontos sobre o que era pedido na sexta-feira. O prêmio cobrado pelos títulos franceses superou 190 pontos, igual ao da Áustria - cujo rating na agência Moody"s passará por uma revisão de rotina esta semana. Já o prêmio da Bélgica chegou a 318 pontos, nível espanhol em julho.

Na Espanha, no início da sessão, o prêmio ficou em 450 pontos básicos, mas pouco depois os títulos de dez anos do Tesouro já eram cotados a 6,2% ao ano, enquanto os da Alemanha pagavam juros de 1,7%. Após um leilão do Tesouro de títulos de um ano e de 18 meses, que fechou ao preço mais alto desde 1997 para este tipo de bônus, o diferencial se ampliou para 456 pontos básicos, depois de um leve alívio que os levou para 449. Os juros ficaram a 6,322%, pouco abaixo do máximo de 6,4% de agosto, antes de o BCE reativar seu programa de compra de títulos.

Em Bruxelas, a Comissão Europeia (CE) reagiu afirmando que a situação que a Espanha enfrenta nos mercados de dívida não se deve a problemas em sua economia. Para o Executivo do bloco europeu, "o que está ocorrendo em outras economias tem efeito sobre a Espanha".

Europa quer mais controle sobre agências de rating

Frente ao agravamento da situação, que inclui um prêmio cobrado da Itália superior a 500 pontos (532) e a taxa de seus títulos de dez anos acima de 7%, os especialistas insistem que o Banco Central Europeu (BCE) é o único que pode conter o pânico.

As bolsas europeias registraram quedas: Paris perdeu 1,9%; Madri, 1,61%; Frankfurt, 0,87% e Milão, 1,08%. Já Londres ficou em terreno positivo (0,03%). Os principais índices dos EUA fecharam em alta, com dados sobre sua atividade suplantando o temor em relação à crise na Europa. Dow Jones avançou 0,14%; S&P, 0,48%; e Nasdaq, 1,09%.

Já os reguladores europeus revelaram ontem novas regras com as quais pretendem disciplinar as agências de classificação de risco. Entre elas está a suspensão das notas atribuídas às dívidas soberanas de países que estejam recebendo apoio de União Europeia (UE) ou Fundo Monetário Internacional (FMI). A nova legislação, em discussão, também permitiria aos investidores processar as agências caso fosse provada negligência.

(*) Com agências internacionais