Título: Governador também é investigado pela Anvisa
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 19/11/2011, O País, p. 3

Agência abre sindicância para apurar se Agnelo favoreceu laboratório quando trabalhava no órgão

BRASÍLIA. A corregedoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu ontem sindicância para apurar se a empresa União Química foi favorecida em 2008 por suas relações com o ex-diretor e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). A decisão foi tomada após auditoria da Anvisa, que detectou indícios de irregularidades no processo de certificação da empresa. O prazo da investigação é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60.

Em janeiro de 2008, Agnelo, então diretor da Anvisa, recebeu um depósito de R$5 mil em sua conta corrente feito por Daniel Almeida Tavares, ex-funcionário do laboratório. No mesmo dia, Agnelo autorizou a concessão do Certificado de Boas Práticas para a empresa. Daniel chegou a acusar Agnelo de cobrar propina, mas depois mudou de versão.

O governador sustentou que recebeu R$5 mil de Daniel como pagamento de um empréstimo. Inicialmente, afirmou que emprestou o dinheiro porque era amigo dos donos do laboratório. Mais tarde, entretanto, disse que era amigo de Daniel e que, por isso, decidiu fazer o empréstimo. O dono da União Química, em nota, afirmou que desconhecia a operação. Daniel foi demitido em 2009.

De acordo com a Anvisa, a auditoria constatou indícios de irregularidades, mas não informou detalhes sobre a apuração. Na campanha eleitoral de 2010, a empresa doou cerca de R$2,2 milhões a 17 candidatos e vários partidos. Agnelo recebeu R$200 mil, segundo maior valor doado a um candidato.

A investigação da Anvisa ficará a cargo de Ivon Nelson Ribeiro Carrico, corregedor da agência. Procurada, a assessoria de imprensa do governador Agnelo Queiroz afirmou que não se pronunciaria sobre a decisão da Anvisa.