Título: Quase um pré-sal
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 20/11/2011, Economia, p. 30

Sistema de ventilação especial permite trabalhar a tal profundidade

CRIXÁS (GO). A sul-africana AngloGold Ashanti se prepara para extrair ouro de uma profundidade de nada menos que 2.500 metros no município de Nova Lima, em Minas Gerais. Ou seja, uma espécie de "pré-sal" da mineração. Esta é a mina mais profunda de que se tem notícia no país e estava fechada há anos por falta de tecnologia capaz de torná-la rentável novamente. Na média, as minas em operação no país têm até mil metros.

Um sistema de ventilação sofisticado garante a refrigeração dos túneis de outra mina da empresa, a Cuiabá, em Sabará (MG), atualmente a mais profunda em operação no país, com 1.100 metros de profundidade. Sem o equipamento, que exigiu a instalação de uma planta especial ao lado do campo de exploração, dificilmente os funcionários da mineradora teriam condições de se manter trabalhando ali por tanto tempo.

O ritmo das máquinas dentro dos túneis é incessante. Equipamentos gigantescos se movem pelas pistas largas como se estivessem ao nível do mar. Ao longo de todo o trajeto, o ar é refrigerado e equipamentos de segurança e comunicação se espalham pelos buracos, que são entrecortados por rotas de saída. Toda esta estrutura também exige tecnologia especial.

Em Riacho dos Machados e Porteirinha, no Norte de Minas Gerais, a canadense Carpathian aguarda a licença ambiental que a autorizará buscar ouro em mina que já havia sido explorada e encerrada pela Vale, de 1990 a 1997. A empresa estrangeira adquiriu os direitos de exploração na região em 2008 e deve gastar US$160 milhões para implantar fábrica.

A ideia é usar uma nova tecnologia de beneficiamento do mineral que permita ir além das camadas superficiais atingidas no passado pela Vale. O fim da operação em Riacho dos Machados coincidiu com a privatização da empresa e com preços pouco atraentes do ouro.

A partir de 2013, terão início novos projetos em Serra Pelada, que ficou conhecida nos anos 80 pelos formigueiros humanos que atraía para o garimpo, que no auge da produção reuniu cerca de 130 mil trabalhadores. O projeto é da Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), parceria entre a Coomigasp e a canadense Colossus. O investimento é de R$320 milhões até o início da produção, em 2013.

Em outra iniciativa na região, três sindicatos e associações de trabalhadores se uniram à chinesa Shanghai Pengxin. O grupo está em fase de pesquisas, mas espera produzir em breve, segundo o presidente da Cooperativa de Mineração, Desenvolvimento Social e Agromineral dos Garimpeiros de Serra Pelada (Cooperserra), Raimundo Benigno. (Vivian Oswald)