Título: Crescimento de Eduardo Campos incomoda PT
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 20/11/2011, O País, p. 11

Petistas temem que governador, do PSB, se fortaleça a ponto de se tornar uma opção viável para a Presidência

BRASÍLIA. Aliado histórico do PT, o PSB se prepara para deixar de ser um apêndice do maior partido do país ao final do atual ciclo petista no comando do Brasil, em 2018. A cúpula petista está extremamente incomodada com os sinais de força política e da movimentação precoce do governador Eduardo Campos (PE), 46 anos, presidente do PSB. O comando do PT reconhece que Campos pode crescer e se tornar adversário do projeto político petista não só em 2018, mas até antes disso.

As articulações de Campos começam a ser vistas com desconfiança por dirigentes petistas, como o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu, que tem feito alertas internos sobre o crescimento do PSB e as pretensões de Campos.

A preocupação ganhou força nos últimos dias com a declaração do ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), que considera natural um futuro rompimento entre PSB e PT. Apesar da desconfiança petista, Campos tem recebido nos bastidores estímulo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se transformar em alternativa no futuro. Isso na lógica lulista de que é melhor criar alternativas dentro da própria base governista que possam defender o seu legado.

- O PSB vai apoiar o governo Dilma. Mas, para as eleições de 2018, todas as possibilidades estão na mesa. O que interessa para o PT é o projeto de 2014. Há uma tensão nessa relação. Mas não é uma tensão que seja capaz de levar para um afastamento neste momento - reconheceu o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP).

Segundo os socialistas, Campos trabalha com o esgotamento do PT nos próximos anos, mas com a manutenção da forte influência do lulismo. A estratégia do PSB é consolidar o governador pernambucano como opção ao PT. O reconhecimento é que, em 2014, as chances de Campos seriam remotas, e uma candidatura presidencial só aconteceria com a desistência da presidente Dilma Rousseff ou de Lula.

Nas palavras de um interlocutor do governador pernambucano, para 2018, Campos quer estar pronto para ser uma opção competitiva.