Título: Para especialistas, impacto precisa ser reduzido
Autor: Carvalho, Cleide
Fonte: O Globo, 24/11/2011, Economia, p. 29
Projeto ameaça nascente do Ribeirão Claro
SÃO PAULO. O assoreamento de rios e cursos d"água na região da Serra da Canastra é o principal risco da mineração de diamantes. No Parque Nacional da Serra da Canastra, que os parlamentares esperam ver reduzido de 200 mil para 71 mil hectares, está a nascente do rio São Francisco, mas não é ela que está ameaçada. Sua distância é de 40 km da Canastra 1, primeira área já pesquisada de extração de diamantes. A Canastra 8, porém, que abriga a maior rocha (kimberlito), com área equivalente a 28 campos de futebol, está próxima à nascente do Ribeirão do Claro.
Especialistas são unânimes ao afirmar que o projeto de extração de diamantes causará impacto na área e que este efeito tem de ser reduzido por projetos de licenciamento ambiental que incluam também compensação ambiental para a região.
- É preciso que o assoreamento dos rios seja controlado e a paisagem seja recuperada ao término do período de exploração - explica Fábio Ramos Dias de Andrade, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP).
O impacto visual da mineração é negativo. Uma cicatriz exposta a céu aberto, descreve o professor. Porém, ele rechaça a ideia de que a mineração cause dano maior ao meio ambiente do que a pecuária ou extensas monoculturas, como a soja.
Para Hécliton Santini, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos, o Brasil precisa regularizar as áreas de exploração e transformar a preocupação ambiental em leis que garantam a recuperação da degradação.
- O Brasil tem que ser inteligente e ter regras claras, que garantam menor impacto. É possível fazer lavras sustentáveis. (Cleide Carvalho)