Título: Ambientalistas querem discussão aprofundada
Autor: Carvalho, Cleide
Fonte: O Globo, 24/11/2011, Economia, p. 29
Defensores da reserva querem que seja feito um inventário de moradores atuais da região
BELO HORIZONTE. A retirada da emenda que reduzia imediatamente a área do Parque da Serra da Canastra (MG) atende a ambientalistas da região, que pediam uma discussão mais aprofundada sobre regiões que deveriam permanecer no parque e as que poderiam ser exploradas. A redução no tamanho original do parque por meio de emenda à medida provisória 542 era de interesse de empresas que desejam explorar riquezas dentro dos limites do parque, como diamantes e pedras de mármore.
- A emenda colocava lado a lado famílias que estavam presentes ali antes de qualquer legislação ambiental e grileiros. O ideal seria analisar cada caso, fazer inventário de moradores e assim decidir o que deve e o que não deve entrar no parque - diz o arqueólogo e curador do Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco, Gilmar Henriques, que mobilizou uma campanha na internet pela retirada da emenda na MP.
O especialista defende que a discussão ocorra por meio de projetos que já tramitam no Senado, para que a eventual exploração de áreas ocorra apenas após uma análise criteriosa dos impactos na formação geológica da Canastra, onde nascem rios que são importantes fontes de abastecimento de todo o país.
- Com a legislação ambiental que temos hoje, o processo de análise ambiental é idôneo. O problema é quando entra o lobby político e econômico de interessados na causa atropelando tudo - criticou o arqueólogo.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Geraldo José dos Santos, é sempre desejável um nível maior de reserva para proteger toda a bacia do São Francisco.