Título: Chevron diz que estudo realizado não identificou fissuras em solo marinho
Autor: Nogueira, Danielle; Durão, Mariana
Fonte: O Globo, 25/11/2011, Economia, p. 31

Petrolífera não informa quem fez a sísmica, base do relatório de impacto ambiental

O supervisor de Meio Ambiente da Chevron, Luiz Pimenta, admitiu ontem que os trabalhos de sísmica feitos no Campo de Frade, no litoral fluminense, não identificaram a possibilidade de fissuras no solo marinho - foi por meio delas que o petróleo vazou do reservatório, atingindo a superfície do oceano. Os dados sísmicos, segundo ele, foram comprados pela Chevron de uma empresa cujo nome a petrolífera americana não divulgou. Foi com base nessas informações que foi feito o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima), pré-requisito para o licenciamento ambiental do campo.

- A sísmica foi feita, e não havia identificação de fissuras no solo marinho. Por isso, a investigação continua - disse Pimenta, que participou ontem de audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Chevron entrega íntegra das imagens do acidente ao Inea

Pimenta informou ainda que a empresa entregou 11 DVDs com a íntegra das imagens submarinas feitas no local do acidente ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea). As primeiras imagens, entregues à Agência Nacional do Petróleo (ANP), haviam sido editadas e, por isso, a empresa foi multada. O executivo voltou a dizer que as edições foram feitas porque os arquivos eram pesados para serem transmitidos via internet, a partir da sonda.

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, também presente na audiência, disse que notificará hoje a Chevron sobre uma auditoria em suas instalações. O Inea, por sua vez, afirmou que notificará a empresa para que ela monitore a região do vazamento por um ano, prazo que pode ser prorrogado por quatro anos. E a Alerj vai propor a criação de um centro de controle de prevenção de acidentes no Rio. A Petrobras, sócia da Chevron no Frade, foi convocada pela Alerj, mas não mandou representante à audiência.

Em meio à crise, o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) aprovou a criação do Comitê de Acompanhamento de Emergências. Segundo João Carlos de Luca, presidente do IBP, o grupo coordenará as ações de ajuda mútua entre as petroleiras em acidentes como o de Frade, em que Shell, Repsol, Petrobras, Statoil e BP cederam embarcações e equipamentos. A praxe em acidentes, diz, é de responsabilidade solidária entre os sócios: cada um arca com os custos proporcionalmente à sua participação. Neste caso, a Petrobras pagaria 30% das multas impostas por órgãos como ANP e Ibama, que podem atingir R$260 milhões.

Para Erick Scott, analista da SLW, as multas e a suspensão das operações da Chevron pela ANP podem afetar as ações da empresa, que já perdeu, por causa do vazamento, US$14,6 bilhões em valor de mercado desde o dia 10 de novembro.