Título: Fora o Trabalho, pasta com mais afinidade com PDT é a da Educação
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 30/11/2011, O País, p. 4
Presidente do partido admite, porém, que seria muito para a legenda de Lupi
BRASÍLIA. Em resposta à pressão de setores petistas ligados à CUT para retomar o Ministério do Trabalho, o presidente do PDT, deputado André Figueiredo (CE), defendeu ontem que a pasta seja entregue a um terceiro partido, sem relação com as centrais sindicais. Para Figueiredo, a presidente Dilma Rousseff deveria fazer um rodízio entre os partidos na reforma ministerial, prevista para o início de 2012. Ele chegou a dizer que o Ministério da Educação é adequado ao perfil dos pedetistas, mas reconhece que é muito para o partido:
- Numa reforma ministerial, defendo que o Trabalho poderia ir para outro partido. Seria um rodízio de gestão interessante. Fora o Trabalho, a pasta que tem mais afinidade com o PDT é a Educação. Mas tenho consciência de que este ministério é maior do que o partido. E cabe à presidente Dilma dizer como deseja o PDT no governo.
Figueiredo reagiu às críticas da CUT, ligada ao PT, que se queixa de ter sido excluída na gestão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em detrimento da Força Sindical:
- Por mais que digam que a Força Sindical tem tratamento diferenciado, a CUT é a central que mais recebe repasses do Ministério do Trabalho.
No PDT, a maioria já reconhece que a permanência de Lupi no governo é insustentável, e que o partido estaria melhor se já tivesse entregado o cargo. Agora, o PDT corre o risco de ter uma posição periférica no novo desenho do governo.
Os desgastes do partido se acumulam com as denúncias de cobrança de propinas de ONGs conveniadas com o Ministério do Trabalho - e também com o polêmico episódio da viagem de Lupi ao Maranhão. Isso já começa a atiçar disputas regionais.
Ontem, o presidente da Comissão do PDT do Maranhão, Igor Lago, filho do ex-governador Jackson Lago, divulgou carta em que denuncia uma manobra para tirá-lo do cargo. Isso porque, segundo Lago, Lupi estaria contrariado com sua versão de que o diretório não pagou - ao contrário do que afirmara o ministro - o aluguel de dois aviões para sua viagem pelo Maranhão há dois anos.
Igor Lago reafirma que diretório não pagou avião
Lago acusou o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) e o ex-deputado Julião Amin (PDT-MA) de estarem à frente dessa articulação: "(Eles) Tramam a minha saída da presidência junto ao ministro Carlos Lupi. A justificativa que estes senhores estão dando é a de que o ministro estaria contrariado com as minhas declarações", diz Lago na carta.
"Não tivemos outra opção ao ser indagado por diversos jornalistas de todo o país que, naquele momento, cobravam de mim tais explicações. Não me furtei a fazê-las!", acrescentou, reafirmando que o diretório não pagou a conta do avião.
Lupi não quis comentar a carta de Lago. Weverton, ex-auxiliar de Lupi na pasta, disse:
- O Igor Lago só perdeu a oportunidade de ficar calado. Ele não era dirigente do PDT nessa época. Não sabe o que aconteceu. Quem arrumou o avião Sêneca fui eu. Arrumei com empresários amigos.
André Figueiredo, o presidente do PDT em exercício - Lupi está licenciado do cargo - , disse que a Executiva Nacional vai se reunir para avaliar a renovação da comissão provisória no Maranhão, e defendeu convenção estadual para estabelecer um diretório definitivo.