Título: Interesses conflitantes retardam ações do PSDB para eleição em SP
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Globo, 27/11/2011, O País, p. 4

Às voltas com brigas internas, partido não sabe nem se terá candidatura própria

SÃO PAULO. PT e PSDB vivem fases bem diferentes na preparação para a eleição de 2012 em São Paulo. Enquanto os petistas já encerraram o processo de escolha do candidato à prefeitura paulistana e iniciaram ontem a discussão sobre alianças partidárias, o PSDB tem dado demonstrações de inércia e incapacidade para colocar a própria casa em ordem. Ainda é uma incógnita se os tucanos terão ou não candidatura própria no maior colégio eleitoral do país, embora haja quatro pré-candidatos disputando a vaga (Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli).

As prévias tão amplamente defendidas este ano pelos tucanos não foram marcadas e, por enquanto, o que tem é uma data limite - fim de janeiro. Já no lado petista, se tudo correr conforme o planejado, em janeiro o ministro da Educação, Fernando Haddad, já estará cumprindo agenda de pré-candidato.

Por trás de toda a falta de ação dos tucanos está um caldeirão de interesses conflitantes dentro do partido. O governador Geraldo Alckmin tentou adiar o quanto pôde a escolha do candidato à prefeitura de São Paulo porque interessava a ele que as prévias ocorressem em fevereiro ou março. Mas venceu a pressão dos pré-candidatos. O maior desejo de Alckmin é que o ex-governador José Serra aceite disputar a eleição do ano que vem. Mas Serra disse, dias atrás, que o projeto dele não é municipal, mas nacional.

O grupo de Alckmin também não vê problemas em apoiar em 2012 o candidato de um outro partido, como o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desde que fique selada uma aliança para a reeleição do governador em 2014. O plano, entretanto, enfrenta forte resistência em setores do partido.

Pré-candidatos têm encontro hoje com Alckmin

Há uma grande expectativa de que essas e outras questões sejam esclarecidas em um encontro que Alckmin marcou com os quatro pré-candidatos tucanos para hoje à noite. É esperado do governador que se posicione, principalmente, sobre uma data para as prévias e a garantia de que o partido terá candidatura própria.

- Eu vou insistir para que sejam definidos a data e o local da prévia. Acho que isso vai acalmar os ânimos - afirmou o deputado Ricardo Trípoli, um dos postulantes à vaga.

Para o secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo, a discussão se o PSDB terá candidato próprio está superada.

- Não vejo possibilidade de o partido não lançar candidato - disse.

As dificuldade tucanas não param nessas questões internas. A busca de aliados também promete ser complexa. PSD e DEM, partidos preferenciais e estratégicos para o PSDB, estão em pé de guerra e resistem em participar de uma mesma coligação.

Na semana passada, uma avaliação de Serra de que o partido não tinha candidatos fortes para disputar a eleição na capital paulista esquentou o clima internamente. A direção estadual e municipal do PSDB teve que divulgar uma nota reafirmando que terá candidato próprio em São Paulo.

Serra é um dos entusiastas da parceria PSDB e PSD, tendo como candidato a prefeito o vice-governador Guilherme Afif Domingues.