Título: Dilma: crise é oportunidade para o país
Autor: Beck, Martha; Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 26/11/2011, Economia, p. 43
Presidente defende investimento em educação e desenvolvimento tecnológico
A presidente Dilma Rousseff disse ontem, durante a inauguração das novas instalações do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, na Zona Portuária do Rio, que, para o Brasil, o momento é de transformar a crise em oportunidade. Para isso, disse a presidente, é essencial investir em educação e no desenvolvimento de novas tecnologias. No cenário de crise, Dilma voltou a defender políticas de incentivo ao consumo a aos investimentos no setor privado:
- Estamos num momento delicado internacionalmente. É certo que a Europa ficará um tempo bastante expressivo em crise. Esta crise europeia não acaba em um ano ou dois. A própria diretora do Fundo Monetário Internacional falou de uma década perdida. Eu não chego a tanto, mas acho que temos que ter consciência disso - afirmou Dilma. - Temos de ter consciência também que os EUA não estão numa situação muito favorável. Mas, ao mesmo tempo, crise também é oportunidade. E o Brasil está diante de várias oportunidades.
Segundo Dilma, é hora de apostar em inovação:
- O que temos de fazer diante da crise é avançar. Melhorar a qualidade do serviço público no Brasil, garantir que o setor privado continue investindo e que os trabalhadores e toda a população brasileira continuem consumindo. Mas, sobretudo, temos que avançar naquilo que modificará o Brasil. Temos que apostar na inovação. Isso vai da Saúde ao Petróleo - disse ela. - Queremos produzir no Brasil os produtos que a Petrobras vai demandar nos próximos anos.
Em Niterói, no estaleiro Mauá, a presidente participou da solenidade de entrega do primeiro navio petroleiro construído pela indústria naval nacional para a Petrobras em 14 anos. Dilma garantiu que a forte demanda do setor petrolífero por plataformas, navios e sondas nos próximos anos será atendida pela indústria nacional, gerando emprego e renda para os brasileiros:
- Não vamos permitir que se exporte empregos. Não vou permitir, como presidente da República, que a demanda por navios, plataforma e por sondas, que vai ocorrer nos próximos anos, represente transferir empregos para outros países do mundo. Os empregos gerados no Brasil, serão mantidos aqui, e isso é igual a conteúdo nacional.
Dilma cita Celso Furtado para defender crescimento
A solenidade de entrega do navio contou com a presença do Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e do governador do Rio, Sérgio Cabral, além de vários diretores da Petrobras, do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e diversos políticos e empresários. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado e aplaudido pelos presentes várias vezes.
Em um discurso de apenas 16 minutos, Dilma citou também o economista Celso Furtado, morto há sete anos, destacando que ele defendia o desenvolvimento com crescimento econômico, geração de empregos e distribuição de renda.
- E acho que isso estamos conseguindo no nosso país, garantindo o emprego, e o ressurgimento da indústria naval é uma prova - afirmou.
Segundo a presidente, a entrega do primeiro petroleiro de uma série de 49 encomendas no país, é uma prova que o trabalhador brasileiro é capaz de construir navios e plataformas. O navio é o primeiro de uma encomenda total de quatro navios para a Petrobras junto ao Estaleiro Mauá.