Título: Dólar cai 0,3%, mas encerra semana com alta de 5,8%. Bolsa recua 0,7%
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 26/11/2011, Economia, p. 42
Moeda fecha a R$1,886, em mais um dia de especulação e temor em relação à Europa
O câmbio enfrentou ontem mais um dia de estresse, enquanto os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fecharam em baixa com investidores novamente preocupados com a crise da dívida soberana na Europa. O Ibovespa, índice de ações de referência nacional, recuou 0,70%, aos 54.894 pontos. Após muita volatilidade, o dólar comercial fechou em baixa de 0,32%, a R$1,886. Apesar da correção de ontem, a moeda americana fechou a semana com forte alta de 5,78%.
Mais uma vez, segundo operadores do mercado de câmbio, a especulação no mercado futuro fez o real descolar das demais moedas, sendo a única a se valorizar contra o dólar ontem, quando este ganhou valor frente às 15 outras divisas acompanhadas pela agência Bloomberg News.
Na máxima do dia, o dólar subiu 1,32%, a R$1,917, mas passou a recuar por volta de meio-dia. Receios de que o nível de R$1,90 seja um teto para a cotação e a redução das apostas em corte maior que 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) ajudaram a correção de ontem.
- O nível de R$1,90 traz à memória a atuação do Banco Central - diz José Carlos Amado, da corretora Renascença, referindo-se aos leilões de swap cambial (operação equivalente a uma venda de dólar no futuro).
Além disso, as taxas projetadas nos contratos futuros com vencimento em janeiro de 2012 subiram ontem de 10,858% para 10,922%, após caírem ao longo da semana. A alta seria uma reação à fala do presidente do BC, Alexandre Tombini, que repetiu na noite de quinta-feira que há espaço para "cortes moderados" na Selic.
Dessa forma, os contratos passaram a apostar menos em cortes de 0,75 ponto nos juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O último encontro deste ano termina na próxima quarta-feira. Juros básicos menores atraem menos capital para o país, dando fôlego para a tendência de alta do dólar.
No mercado de ações, a Bovespa acompanhou o desempenho dos mercados americanos, apesar das altas na Europa. Londres subiu 0,72%, Paris avançou 1,23%, Frankfurt teve alta de 1,19% e Milão subiu apenas 0,12%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,23%, o S&P 500 recuou 0,27% e o Nasdaq teve queda de 0,75%.
O destaque negativo da Bolsa foram as ações de Petrobras e Vale, que puxaram o Ibovespa para baixo e contribuíram para o índice terminar a semana com recuo de 3,24%. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras recuaram 2,65%, a R$22,81. Vale PNA perdeu 2,13%, a R$39. As ações das duas empresas reagiram às incertezas em relação à economia mundial.
- As incertezas da Europa afetam a China. Se a crise de aprofundar, o mundo vai sofrer - afirma o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.