Título: Caso de Delúbio vira debate em curso de Direito
Autor: Souza, Isonilda
Fonte: O Globo, 26/11/2011, O País, p. 20

Réu do mensalão ganha defesa de ex-procurador geral

GOIÂNIA. Na Faculdade Direito da PUC de Goiás, Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT e um dos 38 réus da ação do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), se transformou num "case". Sua defesa apresentada ao STF foi tema de um debate na noite de quinta-feira, e a participação garantiu aos estudantes o equivalente a cinco horas extracurriculares. O próprio Delúbio, arredio como sempre diante da imprensa, sentou-se ao fundo de uma sala com cerca de 40 estudantes para ouvir discussões que lhe foram bastante favoráveis. Ao final, mais à vontade diante da plateia cordial, criticou a denúncia apresentada pelo Ministério Público.

- Não comprei deputado. Tenho a consciência limpa. Não tenho medo de encarar ninguém, ando para todo lado de cabeça erguida - afirmou Delúbio, que não descartou ser candidato a deputado federal em 2014, quando, espera, já terá sido julgado pelo Supremo.

A estrela da mesa de debatedores, o ex-procurador geral da República Aristides Junqueira - convidado pelo DCE da Faculdade Direito - chegou dizendo que o objetivo era provocar uma discussão sobre possíveis "falhas processuais" na denúncia apresentada pelo MP ao Supremo. Uma dessas falhas, disse, é que não existiriam provas na denúncia de que houve uso de dinheiro público para comprar deputados.

Negando qualquer relação com a banca de advogados que defende o petista, Junqueira disse que Delúbio já foi condenado pela imprensa. Para o ex-procurador, Delúbio cometeu somente crime eleitoral ao deixar de contabilizar recursos arrecadados pelo partido - o chamado caixa 2 - mas este já estaria prescrito.

Delúbio disse que seu julgamento será "o maior espetáculo midiático do Brasil", mas que, apesar disso, acredita na Justiça. O ex-tesoureiro do PT reiterou que seu "erro" foi não contabilizar o dinheiro do partido:

- Por que não me julgam pelo que cometi?. Quero ser julgado pelo que está nos autos, porque não há provas de nenhum crime.

O processo do mensalão está no STF e a Procuradoria Geral já pediu a condenação de todos os réus. Falta agora o voto do relator, Joaquim Barbosa, e o julgamento final.

* Especial para O GLOBO