Título: Mais uma vez, entrada da PDVSA em refinaria da Petrobras é adiada
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 01/12/2011, Economia, p. 31

Prazo final para sociedade em Abreu e Lima foi prorrogado por 60 dias

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Foi adiada por mais 60 dias a decisão da entrada da PDVSA, estatal petrolífera venezuelana, como sócia da Petrobras na Refinaria Abreu e Lima, em construção em Pernambuco. As negociações se arrastam há seis anos, e ontem terminava o prazo fixado pela Petrobras. Segundo uma fonte técnica, o impasse surgiu porque a PDVSA propôs usar como parte das garantias financeiras para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES) as próprias ações que a petrolífera terá na refinaria.

Em nota, a Petrobras informou apenas que concordou com a solicitação da PDVSA em estender o prazo das negociações por mais dois meses. A presidente Dilma Rousseff está viajando hoje para a Venezuela, para tratar de questões de interesse entre os dois países, e a questão da refinaria deverá estar em pauta.

PDVSA teria que pagar US$1,1 bilhão pela obras

Segundo uma fonte próxima às negociações, a Petrobras não aceitou a proposta da PDVSA de usar como parte das garantias financeiras para o BNDES as ações que a venezuelana terá na própria refinaria.

Essas garantias são para a estatal venezuelana assumir 40% do empréstimo de R$10 bilhões dado pelo BNDES à Petrobras em 2007 para as obras. Assim, a PDVSA poderia ter uma participação de 40% da refinaria, e a Petrobras ficaria com os 60% restantes. A refinaria já está com 40% das obras prontas.

As fianças bancárias apresentadas pela PDVSA são de três bancos: China Development Bank, Banco do Brasil (BB) e Banco Espírito Santo (BES), no valor de R$4 bilhões. O banco estatal chinês assumiu 50% das garantias. O BES, 25%. O BB, que chegou a se retirar do grupo de fiadores, os demais 25%.

Já as negociações em relação ao valor do aporte de recursos que a PDVSA deverá fazer no projeto, relativo aos gastos já realizados pela Petrobras na obra, estariam mais avançadas, segundo fontes.

Pelas contas da Petrobras, a PDVSA terá que pagar US$1,1 bilhão, ou 40% do que a companhia brasileira já gastou até o momento nas obras da refinaria. No início do mês passado, a PDVSA só admitia pagar US$560 milhões.