Título: Sinais evidentes de desaceleração
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 01/12/2011, Economia, p. 27

Corpo A Corpo

Gustavo Loyola

SÃO PAULO. Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, a política de redução de juros representa um risco para a inflação, mas não há outra alternativa diante dos sinais de desaceleração da economia. Economista da Tendências Consultoria, Loyola vê mais três cortes em 2012, até 9,5%.

O Banco Central já fez este ano cinco elevações da Selic até atingir 12,5% em julho. De lá pra cá, foram três quedas, considerando a de ontem. O BC está na direção certa?

GUSTAVO LOYOLA: Desde setembro, o BC traçou essa direção, com as evidências de desaceleração da economia e a deterioração da situação externa, principalmente na Europa. O risco de um evento mais sério no exterior pode atingir a economia brasileira de maneira mais forte, e a gente sabe que as soluções são sempre lentas diante de um agravamento de crise. Diante disso, o BC deve continuar baixando os juros, embora isso signifique não atingir a meta de inflação no ano que vem.

A última ata do Copom apontou um risco menor de inflação. Não será possível atingir o centro da meta em 2012?

LOYOLA: A inflação não deve ficar no centro da meta, em 4,5%, mas em torno de 5,5%. Isso em um cenário básico, sem uma catástrofe na Europa, mas apenas com um clima consumado de incerteza. Ou seja, esse meu cenário não considera uma crise aberta, de não pagamento da dívida soberana de países como a Itália ou a quebra de uma grande instituição bancária, que poderia desencadear uma crise parecida com a de 2008.

Qual é a sua perspectiva para a Selic?

LOYOLA: Acredito que o BC continuará reduzindo em meio ponto percentual, até chegar a 9,5% ao ano. Devem ocorrer mais três quedas, pelo menos.