Título: Divorciados respondem por 18,3% dos casamentos
Autor: Góes, Bruno; Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 01/12/2011, O País, p. 16

Levantamento do IBGE mostra que Rio registra a menor proporção de união entre solteiros

Em 2010, foram registrados nos cartórios brasileiros 977.620 casamentos, um aumento de 4,5% no total em relação à 2009. Além da alta no número de uniões, os dados revelam que 18,3% dos casamentos foram realizados quando pelo menos um dos cônjuges era divorciado ou viúvo - eles participam do grupo chamado de "recasados" pelo IBGE.

O professor universitário Vicente Ferreira, de 45 anos, e a consultora de empresas Rafaella Moraes, de 37 anos, moram na Gávea, Zona Sul do Rio, e casaram há menos de dois meses. Ambos eram divorciados e decidiram se unir. Cada um tem um filho do casamento anterior: Vicente, de 16 anos, com o mesmo nome do pai, e Leonardo, de 14.

- Casar de novo é uma questão de amadurecimento da relação e sorte. Depois do primeiro casamento, você se torna mais exigente. Pelo menos eu me tornei mais exigente. Me separei há dez anos e só casei de novo porque tinha certeza. Digo sempre que foi a vitória da esperança sobre a razão - diz Vicente.

O Rio, estado onde vive o casal, registrou a menor proporção de casamentos entre solteiros (76,7%), segundo as estatísticas do IBGE. O número de recasamentos com pessoas divorciadas ajudou a puxar a média do estado fluminense para baixo. Entre os novos casamentos de divorciadas, as maiores proporções foram vistas no Rio e em São Paulo (4,2%, em ambos).

As uniões formais entre mulheres divorciadas e homens solteiros foram mais frequentes em Rondônia (5,9%) e São Paulo (5,8%). Na composição inversa, as maiores porcentagens foram observadas no Distrito Federal (10,0%) e no Rio (9,4%).

Em 2010, observou-se também que os solteiros formalizaram a primeira união com mais idade. Se eles, em 2000, tinham idade média de 27 anos quando se casavam, em 2010 tinham 29. Já as mulheres, que se casavam em média aos 24 anos, passaram a se casar aos 26.

O levantamento mostra que a taxa de nupcialidade legal subiu de 6,5 para 6,6 casamentos para mil habitantes de 15 anos ou mais de idade. Apesar do aumento da taxa de casamentos, a proporção ainda está abaixo do registrado na segunda metade da década de 1970, quando foram verificados cerca de 13 casamentos por mil habitantes.

Para o IBGE, a nova tendência, observada a partir de 2003, pode ser justificada através das mudanças na composição etária da população, além da melhoria no acesso aos serviços de Justiça, à procura dos casais por formalizarem suas uniões consensuais, às ofertas de casamentos coletivos e aos recasamentos, nos quais um dos parceiros tinha o estado civil divorciado ou viúvo. (Bruno Góes)