Título: Gás tóxico leva ANP a fechar poço da Chevron
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 02/12/2011, Economia, p. 35
Petrolífera é autuada pela 3ª vez por não comunicar existência de gás sulfídrico nem apresentar plano de segurança
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) autuou a gigante americana Chevron e interditou um dos dez poços produtores de petróleo da companhia - responsável também pelo vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, iniciado no mês passado. A terceira autuação em menos de um mês foi feita porque a companhia omitiu do órgão regulador e fiscalizador a existência de H2S (gás sulfídrico), altamente letal, na produção em um dos poços de sua plataforma produtora, situada também no Campo de Frade.
A informação foi dada ontem pela diretora da ANP Magda Chambriard. A autuação foi feita no último dia 22, durante operação de fiscalização na plataforma produtora da companhia americana. O poço em questão foi interditado porque, conforme explicou Magda, a empresa não comunicou à ANP a existência de gás sulfídrico no poço - cuja ocorrência é normal, dependendo do reservatório -, nem apresentou o plano de análise de risco para operação de segurança em um caso como este. A diretora esclareceu que não houve vazamento de gás.
- Certamente não vazou, se tivesse vazado, mataria. O H2S é uma substância de risco e tem que ser tratado como um produto de risco - afirmou Magda. - Esse poço não estava na análise de risco e isso não tinha sido comunicado à ANP. Esse gás sulfídrico é venenoso para o trabalhador. Estamos autuando e oficiamos o Ministério do Trabalho e também o Ministério Público do Trabalho para que tomem as providências cabíveis.
Companhia diz que operação era feita com segurança
A Chevron informou, por meio de nota, que recebeu a notificação da ANP ontem à tarde, determinando a paralisação da operação de um poço produtor e de quatro outros de injeção de água. A companhia garantiu que a operação do poço com gás tóxico era realizada com segurança, com monitoramento da substância letal. A petrolífera não explicou, contudo, por que não comunicou à ANP a existência do gás sulfídrico e dos sistemas de segurança adotados.
A diretora explicou que é normal, durante a produção de petróleo e gás, haver no reservatório alguns componentes tóxicos como o gás sulfídrico. Por isso, as empresas têm, nesses casos, que elaborar um plano de risco para uma operação segura e comunicar à ANP.
O Campo de Frade tem 11 poços produtores, dos quais dez estavam em operação, com capacidade de produção de 79 mil barris diários de petróleo. Segundo a Chevron, o poço autuado e fechado representa menos de 10% da produção total.
Quanto ao vazamento em outro poço iniciado no mês passado, Magda disse que o resultado da avaliação do acidente deve levar três meses para ser anunciado.