Título: Expectativa de vida subiu 11 anos desde 1980
Autor: Castro, Juliana
Fonte: O Globo, 02/12/2011, O País, p. 17
Brasileiro que nasceu em 2010 pode chegar aos 73,48 anos, diz IBGE; aumento interfere no valor das aposentadorias
juliana.azevedo@oglobo.com.br
A expectativa de vida do brasileiro alcançou 73,48 anos (73 anos, 5 meses e 24 dias) em 2010, segundo a pesquisa Tábuas Completas de Mortalidade, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com 2009, houve um aumento de 3 meses e 22 dias na esperança de vida ao nascer.
O aumento nos índices divulgados entre um ano e outro pode parecer pequena. Mas foi nesse ritmo que, em três décadas, a expectativa de vida aumentou em mais de dez anos no Brasil. Uma pessoa que nasceu em 1980 tinha esperança de chegar aos 62,6 anos, enquanto alguém que nasceu em 2010 tem expectativa de viver, pelo menos, 73,48 anos.
A diferença entre as taxas de homens e mulheres continua grande: enquanto as meninas nascidas em 2010 têm esperança de viver 77,32 anos, o índice entre os meninos é de 69,73 anos, em decorrência, principalmente, das mortes violentas, como acidentes de trânsito e homicídios.
Homem tem mais chance de morrer do que mulher
Os dados do IBGE fazem uma relação entre as probabilidades de morte de homens e mulheres, de acordo com a idade. Nessa análise, aos 22 anos, a chance de um homem morrer era 4,5 vezes maior do que a de uma mulher, considerando dados do ano passado. Segundo índices de 2000, a probabilidade de morte masculina nessa mesma idade chegava a quatro vezes mais que a feminina.
Comparando o índice de 2010 em relação à taxa de 2000, houve uma elevação de 3,03 anos (3 anos e 10 dias). A julgar por este ritmo, projeções do IBGE indicam que uma pessoa que venha a nascer em 2050 alcançará uma expectativa de vida de 81,29 anos.
A taxa de mortalidade infantil alcançou no ano passado 21,64 óbitos por mil nascidos vivos. Em 2009, era de 22,7 óbitos de menores de 1 ano para cada mil nascidos vivos. O número indica a redução de 28,03% no índice ao longo da década.
Com o aumento da expectativa de vida, há perdas no valor do benefício do trabalhador que se aposentou a partir de ontem. Isso porque a divulgação do índice pelo IBGE influencia diretamente no fator previdenciário, que é usado para cálculo das aposentadorias do INSS. A taxa de 2011 valeu apenas até o dia 30 de novembro. Quem se aposentou a partir de ontem, já será impactado com a perda.
- Se a expectativa de vida aumenta, o valor do benefício cai. Isso significa que quanto mais jovem for o trabalhador na hora de se aposentar, menor será o valor da sua aposentadoria - explica o advogado Sérgio Pimenta, membro da Comissão de Seguridade da OAB do Rio.
O advogado dá um exemplo: um homem com 35 anos de contribuição e 55 de idade, que se aposentou até anteontem com o teto máximo do INSS, no valor de R$3.691,74, receberá benefício no valor de R$2.657,31. Se esse mesmo homem se aposentasse ontem, quando já passa a valer a nova fórmula de fator previdenciário, teria uma perda de 0,80% no benefício, em valores arredondados. Para não se aposentar com essa perda, o homem terá que trabalhar e contribuir por mais 79 dias, segundo a estimativa do advogado.
No caso de uma mulher com 50 anos de idade e 35 de contribuição que também se aposentasse a partir de ontem com o teto máximo, a perda chega a 0,70%. Para que ela não perca essa diferença, terá que trabalhar, pelo menos, 66 dias a mais, de acordo com os cálculos de Pimenta.
A nova tabela para o cálculo da aposentadoria ? que valerá até novembro de 2012, quando novamente é mudada em função da expectativa de vida - deve ser divulgada apenas nos próximos dias. A mudança não atinge o aposentado que recebe um salário mínimo.