Título: Nada justifica manutenção
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Globo, 02/12/2011, O País, p. 13
Movimentos anticorrupção criticam postura da presidente
Márcio Allemand, Bruno Góes e André de Souza
Representantes de organizações anticorrupção criticaram a demora da presidente Dilma Rousseff para demitir Carlos Lupi, ministro do Trabalho. Após a Comissão de Ética da Presidência recomendar sua exoneração, Dilma pediu mais informações sobre os motivos do pedido para demiti-lo. A empresária Cristine Maza, uma das organizadoras do movimento Todos Juntos Contra a Corrupção, disse que a faxina atribuída à presidente é uma farsa e o fato de ela não cumprir a decisão da comissão, uma vergonha:
- O que começou de um jeito está terminando de outro. Se até a Comissão de Ética já recomendou a demissão do Lupi, por que ela precisa esperar até janeiro? - questiona.
Cristine diz estar desconfiada que o ministro do Trabalho tem alguma carta na manga e que por isso ainda não foi demitido do cargo.
- Nada justifica que ele continue no Ministério do Trabalho. Ele deveria ter sido demitido logo após cair em contradição. Fico até com medo de qual vai ser a próxima bomba ou escândalo envolvendo ministros.
Marcelo Medeiros, representante do movimento 31 de julho - um dos que apoiaram a realização de atos contra a corrupção na Cinelândia - diz que a presidente perdeu o momento ao não demitir Lupi.
- Ela deveria ter demitido quando a Comissão de Ética pediu. Agora ela está em uma saia-justa. Se não demitir, desmoraliza completamente a Comissão de Ética, que agiu corretamente. Se ela resolve demiti-lo, também vai ser pressionada por ter tomado uma decisão tardia - disse.
Marcelo também criticou as atitudes e declarações de Lupi - para ele, uma "pessoa que não está à altura do cargo".
O economista e estudante de ciência política Leonardo Oliveira também criticou o comportamento do ministro Carlos Lupi de resistir ao cargo. Oliveira faz parte do projeto "Adote um distrital", que propõe fiscalizar os atos da Câmara Legislativa do DF.
- O PDT deveria pedir sua demissão, e ele próprio (Lupi), também - afirma Oliveira, que critica ainda a prática da "porteira fechada" nos ministérios:
- Eu fico mais indignado é com um ministério ser de um partido, porque não é só o Lupi que teve o nome envolvido em denúncias. É um barco, e Lupi é o capitão.