Título: Na Venezuela, Dilma apoia refinaria
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 03/12/2011, Economia, p. 43
Presidente dá recado à Petrobras e diz que parceria é importante para os 2 países
CARACAS. Em sua primeira visita oficial à Venezuela, a presidente Dilma Rousseff deixou clara sua decisão política e reafirmou que o Brasil tem interesse na construção conjunta da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Dilma disse que o empreendimento é importante para os dois países e que ele será concluído em parceria. Foi um recado indireto à Petrobras, que resiste em ter a PDVSA como sócia, diante do não atendimento dos compromissos financeiros pela estatal venezuelana.
No dia 30 venceu o prazo para que a Venezuela apresentasse as garantias financeiras, o que a qualificaria como sócia da Petrobras em Abreu e Lima. A petrolífera brasileira obteve um empréstimo de quase R$10 bilhões do BNDES para tocar a obra e, pelo contrato, a PDVSA deveria arcar com 40% desse valor. Porém, nesta semana, a empresa venezuelana pediu - e obteve - mais 60 dias para conseguir as garantias bancárias, desagradando a Petrobras. Dessa forma, o novo prazo para o aporte será 30 de janeiro de 2012.
Dilma chegou a Caracas na quinta-feira à noite e teve uma reunião bilateral com o presidente Hugo Chávez, após a qual deu a declaração de apoio à sociedade em Abreu e Lima. Ela participa ainda da criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e de encontro da Unasul.
- Foi muito importante para nós toda a discussão sobre essa questão, que é um dos desafios mais importantes que nós vamos concluir, que é a construção da Refinaria Abreu e Lima. Com ela, nós vamos também contribuir para o que deve ser uma relação entre dois países, em que ambos ganham, na medida em que o Brasil vai importar cem mil barris diários de petróleo. Aliás, isso é muito importante, porque nós temos visto nossas relações comerciais crescerem - disse.
Brasil vai ajudar Bolívia a produzir mais energia
O embaixador do Brasil na Venezuela, José Antônio Marcondes de Carvalho, disse que o país vizinho está trabalhando com um pool de bancos para obter a garantia. Para ele, o atraso no aporte de recursos é normal. Ele salientou que a decisão política de Dilma é tocar o empreendimento em parceria:
- Eles (os venezuelanos) estão procurando minimizar seus custos e identificando quem pode oferecer as garantias. Não se pode esquecer que houve uma turbulência no mundo bancário desde que Chávez esteve no Brasil, em junho deste ano - disse.
Brasil e Venezuela assinaram 11 acordos no encontro bilateral. O mais importante deles prevê a compra de até 20 aviões da Embraer para uso comercial, do tipo 190-AR, pela Conviasa, a empresa estatal responsável pelo transporte aéreo no país. A transação deve ser financiada pelo BNDES.
O Brasil também está disposto a ajudar a Bolívia a ampliar seu fornecimento de energia. Após se encontrar ontem com o presidente Evo Morales, Dilma Rousseff afirmou que o país quer expandir as relações com a Bolívia e, uma forma de concretizar isso, é ajudar o país vizinho a produzir mais energia, com a construção de pequenas usinas emergenciais. A presidente, porém, não deu detalhes de como viabilizar o negócio.