Título: Indústria recua 0,6% em outubro
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/12/2011, Economia, p. 41

Crescimento no ano será fraco, mas analistas veem retomada em 2012

RIO e BRASÍLIA. O terceiro recuo consecutivo da produção industrial em outubro, de 0,6% frente a setembro, reforçou as previsões de um ano fraco para o setor, que ajudará a puxar a atividade econômica para baixo este ano. Para economistas, o desempenho da indústria ficará entre 0,5% e 1,0% em 2011. Mas espera-se que o pacote anunciado esta semana e a política de redução de juros impulsionem a recuperação do setor no ano que vem.

Os resultados divulgados ontem pelo IBGE mostram que a trajetória de desaceleração industrial deve se manter no quarto trimestre. Em relação a outubro de 2010, a produção recuou 2,2%, ante 1,6% no mês anterior. O resultado acumulado em 12 meses saiu de 1,6% em setembro para 1,3%.

Houve desaceleração em 20 das 27 atividades pesquisadas. Recuaram os setores de bens de capital (-1,8%), semi e não duráveis (-1,3%) e intermediários (-0,5%). Apenas o setor de bens de consumo duráveis cresceu (2,4%), após perdas de 12,7% entre julho e setembro. O movimento foi puxado pela alta na produção de veículos (1,3%), que caíra 8,8% em setembro por causa de paradas em montadoras para ajuste de estoques.

- Fatores como estoques elevados, maior presença de importados, dificuldades de acessar o mercado externo e queda da demanda doméstica ajudam a compreender o comportamento moderado da indústria - disse o gerente de Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.

Embora a crise global e o câmbio ainda devam pesar sobre a indústria, prevê-se recuperação em 2012. Para Leonardo Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor já chegou ao fundo do poço e será beneficiado pelo fim das medidas de restrição ao crédito, a redução dos juros, o plano Brasil Maior e as desonerações para a linha branca, cuja produção cresceu mero 0,1% no ano. A Votorantim Corretora projeta alta de 2% da produção em 2012, ante 0,5% este ano.

- A partir do primeiro trimestre, a indústria deve contribuir positivamente para o PIB - diz Alexandre Andrade, economista da Votorantim.

Mas a instabilidade global pode atrapalhar. O cenário mundial tornou-se o principal fator de incerteza do setor produtivo na hora de definir o plano de investimentos para 2012. Segundo sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 75,7% dos empresários apontam este como o maior risco à concretização dos desembolsos na ampliação da capacidade das fábricas, na compra de equipamentos e em inovação, entre outros. O percentual é maior que em 2009 (69,8%) e 2010 (59,1%).

COLABOROU Flávia Barbosa