Título: Funcionários do PSC têm de pagar caixinha
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Fonte: O Globo, 03/12/2011, O País, p. 12

Partido cobra 5% do salário de quem tem cargo comissionado

BRASÍLIA. Reportagem feita pelo site Congresso em Foco, publicada ontem, mostra que o presidente do PSC no Pará, deputado Zequinha Marinho, vice-líder da bancada na Câmara, recolhe 5% dos salários de todos os funcionários comissionados que trabalham em seu gabinete para destinar ao partido. Além de apresentar documentos que comprovam a prática, o site afirma que o pagamento é compulsório, seja o funcionário filiado ou não à legenda.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que é preciso checar a denúncia, mas minimizou a situação ao dizer que a cobrança de contribuição aos filiados para a manutenção dos custos partidários faz parte da política das legendas.

- Contribuições partidárias são normais e fazem parte do estatutos dos partidos. Esta é uma informação (a exigência de contribuição de não filiados) que nós precisamos analisar. Vamos checar a informação para depois adjetivar. É prematuro ainda - disse Maia, observando que ele mesmo contribui para o PT do Rio Grande do Sul e para o PT Nacional.

De acordo com a reportagem Congresso em Foco, a "caixinha" para alimentar o PSC não acontece apenas no caso do gabinete de Zequinha Marinho, mas engloba todos os funcionários comissionados da Câmara que têm vínculo com a legenda, lotados na Liderança, na Mesa Diretora ou nos gabinetes.

A reportagem mostra uma tabela com o valor que cada um dos funcionários de Zequinha Marinho teria destinado ao PSC, de acordo com e-mail de 24 de março deste ano.O e-mail lista 10 servidores que, no total, teriam contribuído com R$1.979,93 à legenda no último mês de março.

A tabela está em uma mensagem enviada do e-mail de Zequinha Marinho à sua secretária, Edilande das Dores de Souza, que também fez contribuições ao PSC. Segundo a reportagem, na mensagem o deputado pede que a secretária cobre o restante do dinheiro que ainda não foi pago pelos funcionários. Outros documentos divulgados pelo site Congresso em Foco revelam que os repasses não ocorreram só em março deste ano. São comprovantes de depósito que mostram pagamentos de R$130, cada um, feitos em julho e em agosto ao PSC.

O GLOBO procurou Zequinha, mas ele não retornou a ligação. Ao site Congresso em Foco, o deputado admitiu a prática e disse que todos os demais gabinetes dos parlamentares do PSC faziam o mesmo. Afirmou ainda que todos têm que contribuir, independente de serem ou não filiados ao PSC. "Se não, não se mete em política", disse ele ao site, em entrevista cujo áudio está disponível na página eletrônica do Congresso em Foco.