Título: Sem novo pacote de austeridade, Itália pode sofrer colapso, diz premier
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Fonte: O Globo, 06/12/2011, Economia, p. 26
Plano prevê 20 bi em cortes de gastos e 10 bi em aumento de arrecadação
ROMA. O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, defendeu ontem no Parlamento o pacote de 30 bilhões, chamado "Salve a Itália", afirmando que se nada for feito o país pode sofrer um colapso econômico semelhante ao da Grécia, o que ameaçaria a própria existência do euro. O pacote consiste em 20 bilhões em cortes de gastos e 10 bilhões em aumento de arrecadação. Esses recursos virão de imposto imobiliário, uma nova taxa sobre itens de luxo, combater à evasão fiscal e elevação da idade de aposentadoria.
Compactadas em um único decreto emergencial, as medidas entram em vigor imediatamente, mesmo antes da aprovação formal pelo Parlamento. Mas Monti terá de conseguir o apoio dos legisladores dentro de 60 dias para que sua lei continue em vigor.
- Se a Itália não for capaz de interromper a espiral negativa de crescimento da dívida e de recuperar a confiança dos mercados, haverá consequências dramáticas, que colocariam poderiam até colocar em risco a sobrevivência da moeda única - disse Monti no Parlamento, fazendo um apelo aos demais países da zona do euro. - A Itália está pronta para fazer o que for necessário, mas a Europa não pode falhar em fazer sua parte.
O premier, nomeado como líder de um governo tecnocrata para substituir Silvio Berlusconi no mês passado, estava sob pressão para apresentar medidas concretas para reduzir a elevada dívida italiana.
O comissário europeu para Assuntos Monetários, Olli Rehn, elogiou as medidas, que classificou de "oportunas e ambiciosas", e disse que a Comissão Europeia fará uma avaliação detalhada quando receber os detalhes completos do pacote.
- Sem esse pacote, penso que a Itália entraria em uma situação semelhante à da Grécia - disse Monti a jornalistas antes de entrar no Parlamento.
O premier admitiu, no entanto, que as medidas pesarão sobre a frágil economia italiana, que, segundo analistas, já estaria em recessão.
Mas a implementação do pacote não será fácil. Os principais sindicatos italianos convocaram greves para o próximo dia 12, afirmando que as medidas afetarão mais os trabalhadores e os aposentados.
Mas Nicola Borri, professor de economia da Universidade Luiss, acredita que os parlamentares aprovarão as medidas porque sabem que o ônus político cairá sobre Monti, cujo governo deve terminar em abril de 2013.