Título: Desmatamento na Amazônia é o menor desde 1988
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 06/12/2011, O País, p. 15

Área anual atingida caiu 11%, mas ainda é mais abrangente que o território do DF; destruição foi maior no Pará

BRASÍLIA. O desmatamento na Amazônia no último ano foi o menor já registrado desde 1988, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou o monitoramento na floresta. Nos 12 meses entre agosto de 2010 e julho de 2011, a área destruída foi de 6.238 quilômetros quadrados, ante 7 mil nos 12 meses imediatamente anteriores, o que corresponde a uma queda de 11%. Mesmo assim, ainda é grande o território atingido, maior que o Distrito Federal.

Conforme os dados, o Pará foi responsável pelo maior desmate, com 2.870 quilômetros quadrados, mas isso representa uma diminuição de 24%. Em seguida, vieram Mato Grosso (1.126) e Rondônia (869), estados que, contrariando a tendência geral, tiveram aumento expressivo. No primeiro caso, o desmatamento avançou 29% e, no segundo, dobrou.

- Ainda apresentamos esses resultados extremamente sensíveis. Precisamos entender quais são as causas que estão determinando essa mudança de perfil - disse a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), ao apresentar os números ao lado do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), no Palácio do Planalto, após reunião com a presidente Dilma Rousseff.

Segundo a ministra, já há reforço na fiscalização em Rondônia, em parceria com o governo do estado.

Meta é 4 mil quilômetros quadrados até 2020

Desde 2009, o desmatamento na Amazônia está em queda, mostram os balanços oficiais. A meta do governo é baixar o desmatamento anual para quatro mil quilômetros quadrados até 2020, para cumprir os compromissos do país de redução das emissões de carbono.

- É uma grande vitória do Brasil, principalmente, pela forma como começamos o ano. Havia um aumento em curso, que foi detido - afirmou Mercadante, referindo-se à expansão registrada de janeiro a abril, que levou o governo a montar um gabinete de crise para enfrentar a situação.

O ministro atribuiu os resultados de ontem ao que chamou de resposta "implacável" do Estado ao problema, com o reforço da fiscalização. Segundo o Ibama, a atuação conjunta com a Polícia Federal e outros órgãos permitiu aplicar oito mil multas, além de apreensão de 42 mil metros cúbicos de madeira retirada ilegalmente e de 325 caminhões que trabalhavam no desmate.

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, informou, com base em pesquisa recém-concluída, que 21% da área suprimida na Amazônia está em regeneração. A maior fatia, de 62%, está sendo usada para pasto.

A expectativa do governo é que, com o estímulo da pecuária intensiva e o emprego efetivo de dispositivos do projeto de lei do Código Florestal - que prevê a recuperação de parte da área desmatada para a regularização do produtor nos órgãos ambientais -, seja possível transformar a Amazônia numa área que consome carbono a partir de 2015. Hoje, segundo ele, há um equilíbrio entre a emissão e a absorção.