Título: Risco de epidemia de dengue em 48 cidades
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 06/12/2011, O País, p. 10
Mais de 4 milhões de pessoas moram nessas áreas; Rio e outros 235 municípios estão em situação de alerta, diz governo
BRASÍLIA. O Ministério da Saúde anunciou ontem que 48 cidades apresentam risco de uma epidemia de dengue no próximo verão, que começa em duas semanas. Três capitais estão nessa situação: Cuiabá (MT), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). No estado do Rio, Itaboraí e São Fidélis também estão em perigo. Outras 236 cidades, incluindo o Rio de Janeiro e outras 31 do estado, estão em situação de alerta, o que significa que terão que intensificar ações de combate ao transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Ao todo, 4,6 milhões de pessoas moram em áreas de risco de epidemia de dengue.
Além disso, 277 apresentam índice satisfatório, entre as quais São Paulo e Belo Horizonte. Mas o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, avisou que nenhuma cidade está livre da dengue.
- Os municípios que estão em risco iminente de ter surto vão ter que trabalhar muito para reduzir essa infestação em janeiro. As cidades em alerta não podem baixar a guarda, muito pelo contrário, devem intensificar suas ações agora. E os que estão com índice satisfatório de infestação, isso não significa que não podem migrar para uma situação de risco nos próximos meses - alertou o ministro.
As informações se referem ao mapa da infestação do mosquito, o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa), que pesquisou 561 municípios do país, que abrigam uma população de 96 milhões.
As cidades em situação de risco têm acima de 3,9% de seus domicílios infestados com o mosquito. Aquelas em situação de alerta têm entre 1% e 3,9% das casas. E as de índice satisfatório, abaixo de 1%. O Rio tinha 2,4% de casas infestadas no ano passado e este ano apresentou 2% de domicílios com ovos e larvas do mosquito.
De acordo com o levantamento, no Norte e no Sul, os principais criadouros do mosquito se encontram no lixo. No Nordeste e no Centro-Oeste, em locais de armazenamento de água, como caixas-d"água e tonéis.
Já na região Sudeste, utensílios encontrados dentro das casas, como vasos e pneus, são os locais preferidos de proliferação dos mosquitos. O ministério alerta que o ovo do Aedes aegypti sobrevive até 300 dias, o que exige que o combate seja permanente. Esse é justamente o mote da campanha de combate à dengue do verão 2011/2012.
Para o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, deverá haver uma estabilização da doença no próximo verão, com relação ao verão passado.
- Há uma tendência à estabilidade. Mas é sempre bom tomar esta época do ano como sinal de alerta para as providencias e evitar a ocorrência de um surto no verão - disse Jarbas Barbosa, lembrando que 90% dos casos de dengue ocorrem entre janeiro e maio.
Todos os estados têm vetores da dengue tipo 4
Além da campanha para que as pessoas se livrem dos criadouros do mosquito, o governo vai usar uma nova ferramenta para identificar a ocorrência de epidemias de dengue: as redes sociais, em especial o Twitter. Isso porque estudos do ministério indicam que as pessoas começam a tuitar sobre sintomas e sobre a ocorrência de dengue antes de procurar o hospital.
Com relação à dengue tipo 4, forma que atinge quem já teve a doença mais de uma vez, o governo afirma que todos os estados apresentam vetores desse tipo da dengue. O alerta do ministério para os profissionais de saúde é que fiquem atentos quanto ao aparecimento de dores persistentes e vômitos entre os pacientes, que seriam indicadores de que a forma grave da dengue está ocorrendo. Segundo o governo, houve uma redução de 20% no número de casos de dengue este ano e de 40% dos casos graves em comparação com o ano passado.