Título: MP investiga uso de avião particular por ex-ministro
Autor: Camarotti, Gerson; Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 06/12/2011, O País, p. 5

Empresa terá que dizer quem pagou pelo King Air usado por Lupi

BRASÍLIA. O ex-ministro Carlos Lupi deixou o governo anteontem, mas não se livrou de dar explicações sobre parte das denúncias que o levaram ao afastamento do cargo. O Ministério Público Federal abriu uma investigação civil para apurar supostas irregularidades no uso de um avião particular por Lupi, numa viagem ao Maranhão, em dezembro de 2009.

O avião, o King Air de prefixo PT-ONJ, foi providenciado pelo empresário Adair Meira, dono da Fundação Pró-Cerrado. A ONG está sendo investigada por supostos desvios de recursos do Ministério do Trabalho.

O uso do avião foi um dos casos que mais desgastou o ex-ministro nas últimas semanas. Ao depor no Congresso Nacional no início do mês passado, Lupi disse que não conhecia Adair Meira. Não demorou muito e teve que admitir que viajou no King Air providenciado pelo empresário e que até participou de uma festa com direito a cantoria na casa de Meira, em Goiânia. Em entrevista ao GLOBO logo no início do escândalo, o empresário disse que "providenciou" o avião, mas negou que tenha bancado os custos da viagem. A investigação foi aberta na semana passada pelo procurador Paulo Roberto Galvão.

MP quer apurar eventual improbidade administrativa

Em nota divulgada à tarde, o Ministério Público diz que o "objetivo é apurar eventual prática de improbidade administrativa". Galvão já solicitou informação ao ex-ministro e o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), ex-assessor de Lupi, um dos responsáveis pela viagem do ex-ministro ao Maranhão. O procurador também pediu informações ao 6º Comando Aéreo Regional (Conar), à empresa Aerotec Taxi Aéreo, dona do King Air, e ao diretório regional no Maranhão do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

No início da crise, o ministério chegou a divulgar nota dizendo que a viagem foi custeada pelo PDT maranhense. Para começar a investigação, o procurador decidiu chamar para depor o ex-secretário nacional de Políticas Públicas de Emprego Ezequiel Nascimento e Adair Meira, os dois primeiros a mencionar o uso do avião por Lupi. Galvão estabeleceu um prazo de dez dias úteis para que o 6º Conar e a empresa aérea forneçam as informações pedidas. As investigações devem ser concluídas em até três meses.