Título: País deve crescer menos de 3% no ano
Autor: D"Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 07/12/2011, Economia, p. 29

Projeções de alta do PIB para 2012 agora variam de 3,1% a 4,2%

Henrique Gomes Batista, Mariana Durão e Fabiana Ribeiro

A estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, apesar de ter vindo em linha com as expectativas de bancos e consultorias - alguns esperavam até número negativo -, derrubou as projeções do crescimento para 2011. Isso porque o resultado veio pior que o previsto no consumo das famílias e serviços, com as primeiras retrações desde 2008, quando o Brasil enfrentava a crise global.

Como estes setores foram os que mais ajudaram no crescimento da economia, muitas instituições esperam agora que o ano fechará com alta do PIB entre 2,8% e 3%. Antes, esperavam crescimento de 3,2% a 3,6%. Mas, no começo do ano, as previsões giravam em torno de 4,5%.

O Bradesco diz que a redução da demanda interna veio aquém do esperado, levando-o a cortar a previsão do PIB do ano de 3,2% para 3%. "A magnitude desse movimento nos surpreendeu. A forte desaceleração (com a demanda doméstica tendo desempenho inferior ao do PIB) deve ser lida à luz dos efeitos defasados do aperto de política econômica iniciado no final de 2010", diz relatório do banco.

Fernando Montero, da Corretora Convenção, concorda que os dados do IBGE aumentaram o pessimismo sobre este ano:

- As novas contas nacionais tornam ainda mais implausíveis os 3,8% (previstos pelo governo) para 2011, e muito difíceis nossos 3,2%. Seremos obrigados a rever nossa estimativa deste ano.

A possibilidade de o país atingir os 5% de crescimento almejados pelo governo para 2012 é considerada nula pelo mercado. Para o professor de economia da USP Carlos Eduardo Gonçalves, seria impossível esse resultado sem que a inflação estourasse o teto da meta (6,5%).

Alguns acreditam que o crescimento de 2012 será de 3,1% (LCA Consultores), outros projetam 4,2% (Austin Rating). As incertezas globais, aliadas a cortes de juros e do crescimento do salário mínimo, ampliam as divergências das estimativas.