Título: Estou tranquilíssimo, diz ministro
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 10/12/2011, O País, p. 4

BUENOS AIRES. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, chegou ontem de manhã a Buenos Aires para uma reunião com sua colega de pasta argentina, Débora Giorgi, e procurou, como nos dias anteriores, transmitir um clima de normalidade. Na porta do Palácio San Martin, sede da chancelaria argentina, tentou evitar falar sobre a suspeita de tráfico de influência em seus serviços de consultoria. Alegou que estava "na Argentina para discutir comércio e coisas mais amplas, como a integração de cadeias produtivas". No entanto, diante da pressão da imprensa, assegurou estar "tranquilíssimo" e disse ter "certeza de que esse episódio está superado".

Pimentel desembarcou na base militar do aeroporto metropolitano portenho com poucos colaboradores e acompanhado pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. A delegação foi para o Ministério das Relações Exteriores, onde passou grande parte do dia.

- Já falei tudo o que tinha de falar, todas as explicações que tinham de ser dadas foram dadas, estou tranquilíssimo - enfatizou o ministro, que, demonstrando estar tenso, mudou de expressão ao ver a quantidade de jornalistas que o aguardavam (mais de dez).

Num determinado momento da entrevista, quando começou a ser perguntado sobre denúncias relacionadas à P-21, começou a falar em espanhol, para surpresa dos jornalistas, todos brasileiros.

Pimentel comportou-se como um ministro plenamente dedicado a suas funções e alheio às denúncias que surgiram nos últimos dias. Confirmou sua presença na próxima cúpula de presidentes do Mercosul, dias 20 e 21, em Montevidéu, e reiterou que se sente "tranquilo, tranquilíssimo".

Perguntado sobre a possibilidade de atender a uma convocação do Congresso, afirmou que "não há nenhuma necessidade" disso:

- Mas se o Congresso me convocar, terei que ir. É obrigação do ministro atender as convocações do Congresso.

Após horas de espera, assessores de Pimentel informaram que o ministro não teria tempo de informar o resultado das discussões com a Argentina, que, segundo o próprio Pimentel informara horas antes, "eram muito importantes para o Brasil, já que a Argentina é e será sempre nosso principal sócio estratégico". O almoço com Giorgi foi dentro do palácio, e as discussões duraram mais de cinco horas.