Título: Por enquanto, PT se une para blindar ministro
Autor: Herdy, Thiago; Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 11/12/2011, O País, p. 12/13

Apesar de restrições a Pimentel, petistas querem preservar a sigla

BRASÍLIA. Numa postura pragmática, o comando do PT decidiu aderir à operação para preservar o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, deflagrada pela presidente Dilma Rousseff. Apesar das divergências internas entre grupos petistas, o partido avaliou que a queda de Pimentel neste momento fragilizaria o governo e o PT. Esse argumento foi considerado fundamental para que houvesse uma "unidade pontual" na defesa de Pimentel, apesar das restrições que o ministro sofre em vários setores petistas.

Mas os episódios envolvendo as consultorias de Pimentel, revelados pelo O GLOBO, já são vistos no PT como forma de o partido esvaziar o grande poder que ele acumulou nos últimos meses, principalmente após a queda do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci. Pimentel ganhou recentemente o status de "interlocutor da presidente junto ao PIB", o que não agrada muito a um grupo de petistas.

O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), verbaliza o que ouve nas reuniões internas do partido:

- É preciso ter estabilidade para governar. Não dá para transformar a Esplanada dos Ministérios num tribunal da inquisição. De fato, Pimentel não é a pessoa mais amada no PT. Agora, no partido, ninguém vai dar as costas para o cara. Se ele não puder dar consultoria como economista, vai passar fome.

Para se fortalecer no PT, aproximação com Dirceu

Desde que virou ministro, em janeiro, Pimentel tentou recuperar espaço nos diversos grupos do partido e aproximou-se muito do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu. Mesmo assim, ainda há sequelas de sua participação na campanha presidencial do PT de 2010.

Na ocasião, o atual presidente do PT, Rui Falcão, e Pimentel se afastaram, após a revelação de que foi montado um núcleo de inteligência na pré-campanha petista para elaborar um dossiê contra o então candidato tucano, José Serra. Pimentel negou ser o responsável pelo dossiê.

Ao longo dos anos, Pimentel colheu desafetos não só no PT mineiro, mas no PT nacional. Sua aliança com o hoje senador tucano Aécio Neves (MG) para eleger o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), em 2008, dividiu o partido. No PT, até mesmo o ex-presidente Lula tinha restrições ao comportamento político de Pimentel.

Dentro da ação de blindar Pimentel, o PT cumpriu, até agora, a determinação de evitar convocação ou convite ao ministro para prestar esclarecimentos na Câmara e no Senado. O fato já incomoda os aliados, que observam um comportamento diferente do Planalto em relação aos demais episódios que derrubaram ministros de PR, PMDB, PCdoB e PDT.