Título: Quem pode, evita o SUS
Autor: Couto, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 03/09/2009, Brasil, p. 13

Pesquisa do IBGE revela que 5 milhões de idosos no país recorrem a planos particulares para não usar a rede pública

Para o aposentado Aloisio e sua esposa Amélia, o acesso a um plano particular de saúde é um alívio

Cinco milhões de idosos brasileiros possuem planos de saúde particulares. O número, que representa 29,4% do total da população de pessoas com mais de 60 anos, integra a publicação Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil 2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo levantamento. O acesso a esse tipo de serviço se amplia conforme o aumento da renda per capita domiciliar (veja quadro). De acordo com a pesquisa, o custo da internação tende a crescer com o avanço da idade, passando de R$ 93 na faixa etária de 60 a 69 anos, para R$ 179 entre pessoas com 80 anos ou mais.

Insatisfeitos com o Sistema Único de Saúde (SUS), exatos 52.653.718 brasileiros optaram por contratar planos privados, incluindo os odontológicos. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o país tem 1.525 operadoras de saúde. ¿Esse levantamento do IBGE vem confirmar o que já havíamos previsto em pesquisa anual: o acesso do idoso à rede particular vem crescendo. As adesões, em parte, são atribuídas ao segmento de autogestão em saúde, que mantém ótima relação custo-benefício, qualidade dos serviços oferecidos e adequação às necessidades dos usuários, independentemente da faixa etária ou perfil epidemiológico da população¿, afirma Iolanda Ramos, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas).

Diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, José Telles diz que, apesar de o governo ter implantado em 2006 um programa de ações de atenção aos idosos, um dos grandes desafios da pasta é desafogar a fila de cirurgias de catarata e de quadril e aumentar o acesso a medicamentos para tratamento de osteoporose e Alzheimer. ¿Além disso, precisamos vencer o grave problema da falta de geriatras. No Acre, por exemplo, até pouco tempo não havia esse tipo de profissional na rede pública¿, afirma Telles, que também é presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.

Elogios

Casados há 31 anos, o aposentado da Marinha Aloisio Moreira, 70 anos, e sua esposa, Amélia, 73, se associaram a um plano de saúde privado em 2001. Moradores do Rio de Janeiro e de passagem por Brasília, eles não utilizam com frequência os serviços, mas garantem que o acesso à cobertura particular é um alívio. ¿Vale a pena demais. Quem tem plano de saúde tem tudo¿, comemora Amélia, referindo-se à precariedade do SUS. ¿Graças a Deus, somos saudáveis e não precisamos muito do plano¿, acrescenta Aloisio.

Jovens são principais vítimas

Ser homem, jovem, e estar na faixa etária de 15 a 29 anos de idade é o perfil das principais vítimas e agentes da violência no país. Os dados, que integram o estudo Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o número de óbitos por causas externas aumentou, principalmente, a partir do fim dos anos 1970. No entanto, as mortes violentas não são um fator determinante de fatalidades para o sexo feminino. Enquanto entre as mulheres a quantidade de mortes por arma de fogo variou de 4,5%, em 1980, a 4,9%, em 2005, na população masculina os índices subiram de 12,9%, em 1980, para 18,3%, em 2005.

Apesar de ter registrado queda na taxa de mortalidade nessa faixa etária ¿ de 123 por 100 mil habitantes para 107,04 ¿ o Distrito Federal ainda está acima da média nacional, que é de 95,6. ¿Mesmo com a redução, esse número é considerado elevado¿, analisa Silvia Bregman, pesquisadora do IBGE. Em 2000, esse percentual no país era de 98,3. ¿Muitos especialistas atribuem esse alto índice de violência à desigualdade social, desemprego e tráfico de drogas. Mesmo com a ligeira redução nacional, a tendência é de crescimento¿, prevê Bregman.

Armas de fogo

Outro percentual que preocupa as autoridades públicas é o que mostra a utilização de armas de fogo por homens jovens que cometem homicídios. A taxa nacional passou de 72,4 (por 100 mil habitantes), em 2000, para 74,5, em 2005. Assim como na taxa de mortalidade na faixa etária masculina de 15 a 29 anos, o Distrito Federal também está acima da média nacional no uso desse tipo de artefato: 84,7. Com índice de 177,7, Pernambuco continua liderando o ranking, apesar da ligeira queda em relação ao ano 2000, quando foi detectado percentual de 183,7. Diferentemente do estado nordestino, São Paulo apresentou a maior redução entre todas as unidades da Federação: caiu de 112,6, em 2000, para 57,2, em 2005.

Fecundidade

A queda da taxa de fecundidade, que já vinha sendo apontada em outros levantamentos, foi confirmada pelo IBGE. Caiu de 6,2 filhos por mulher (até 1960) para dois filhos, em 2006. Há três anos, 51,4% (1.512.374) dos nascidos vivos eram filhos de mães com idade até 24 anos, sendo 27.610 (0,9%) de mulheres do grupo etário de 10 a 14 anos; 605.270 (20,6%) eram filhos de mães de idade entre 15 a 19 anos, e 879.493 (29,9%), crianças de mães de 20 a 24 anos. Em 2000, os índices ficaram, respectivamente, em 0,9% (28.973), 22,5% (721.564) e, 31,1% (998.523). (RC)