Título: Pimentel despacha com Dilma e ministros e prepara ida à Argentina
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 09/12/2011, O País, p. 10

Ministro é incentivado pela presidente a mostrar normalidade na agenda

Gerson Camarotti, Luiza Damé, Chico de Gois e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Numa tentativa de demonstrar normalidade na sua agenda, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, passou a tarde de ontem em despachos com a presidente Dilma Rousseff e outros ministros para tratar de assuntos técnicos de sua área. Fez essa agenda estimulado pela presidente. Da mesma forma, incentivado por Dilma, embarca hoje de manhã para Buenos Aires, para se incorporar à comitiva presidencial que irá para as cerimônias de posse da presidente reeleita, Cristina Kirchner.

Após mais de quatro horas nos gabinetes do terceiro andar do Palácio do Planalto, Pimentel saiu sem dar entrevista. O Planalto também não se manifestou sobre as reuniões, negando que tenha havido um encontro privado entre Dilma e Pimentel. Nas palavras de um ministro, se depender de Dilma, ela fará tudo para manter Pimentel, mesmo com as novas revelações sobre as consultorias. Mas amigos do ministro já não descartam a possibilidade de ele deixar o governo, "caso permaneça sob intenso bombardeio".

A avaliação ontem é que Pimentel vivia seu pior dia, diante da contradição entre o que dissera, ter prestado consultoria à ETA, fabricante de bebidas, e a negativa dos ex-sócios da empresa. Ontem à noite, porém, a ETA soltou nota voltando atrás no que dissera anteontem e confirmando a prestação do serviço.

Alguns aliados de Pimentel já estariam trabalhando com a possibilidade de ele deixar o governo nos próximos dias. Os deputados Miguel Corrêa (PT-MG) e Reginaldo Lopes (PT-MG), por exemplo, teriam ficado surpresos com o estado de espírito do ministro e chegaram a confidenciar, em conversas reservadas, que Pimentel estaria prestes a jogar a toalha.

Para procurar demonstrar normalidade, o ministro chegou no início da tarde ao Palácio do Planalto. Participou da audiência com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e depois esteve nas discussões sobre o regime automotivo e as relações entre Brasil e Argentina.