Título: Esse negócio é muito estranho
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 09/12/2011, O País, p. 9

Corpo A Corpo

Sócio da ETA Bebidas do Nordeste desde a fundação da empresa, em 2007, até maio de 2010, Roberto Ribeiro Dias disse anteontem, em conversa gravada pelo GLOBO, que não só desconhece o trabalho que Fernando Pimentel diz ter realizado como considera o pagamento de R$130 mil incompatível com o faturamento da empresa. Segundo ele, a ETA faturou, em seus melhores momentos, R$100 mil mensais brutos, a maior parte usada para pagar funcionários e insumos, sem sobra de caixa.

Thiago Herdy

O senhor se lembra de ter recebido alguma consultoria da P-21 e de Fernando Pimentel, atual ministro do Desenvolvimento?

ROBERTO RIBEIRO DIAS: Em princípio, não, porque o trabalho (da empresa) era muito focado em Pernambuco, mesmo.

O que a empresa fazia?

DIAS: Era uma fabriqueta de guaraná em copo, mas não é gaseificado. É uma bebida de R$0,50, R$1. Aqui no Rio, vende muito, mas lá não vendeu muito. Até colocamos no programa bem popular lá, na televisão, tipo o do Ratinho...

Qual que era o faturamento da empresa em 2009?

DIAS: Olha, é uma empresa que no melhor momento conseguiu faturar uns R$100 mil/mês, mas depois começou a cair. Era uma fábrica que fazia copinho de guaraná, o Guaraeta.

A empresa fechou?

DIAS: Não, ela está num processo de liquidação. Uma pessoa comprou, um cara comprou as máquinas. Quem era da época, não está mais lá não. Era uma coisa pequena...

Consta aqui o pagamento de duas notas, uma de R$60 mil e outra de R$70 mil...

DIAS: Ih, rapaz, esse negócio é muito estranho. É valor muito alto para o trabalho que a gente tinha. Tem alguma escusa, tentaram esconder alguma coisa.( ..) Agora, com o que você me falou aí, eu já me assustei. Não é compatível para o negócio. O que a gente fazia, de vez em quando, era contrato de R$10 mil, R$15 mil para meninas fazerem propaganda em jogo do Sport com o Santa Cruz. A gente não tinha condições de fazer nada muito diferente disso.