Título: Peso de Rio e São Paulo cresce na economia
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 15/12/2011, Economia, p. 31

As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo voltaram a ganhar participação na geração de riquezas no país em 2009. Após perdas no ano anterior, foram favorecidas pelas políticas contra a crise do governo e pelo fato de não concentrarem a produção de commodities agrícolas e industriais, cujos preços despencaram. A participação do capital fluminense no Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios saiu de 5,2% para 5,4% entre 2008 e 2009. Já o município de São Paulo aumentou sua fatia em 0,2 ponto percentual, para 12%. Juntas, geraram um PIB de aproximadamente R$565 bilhões.

O ano de crise foi um ponto fora da curva na última década, quando Rio e São Paulo puxaram para baixo o PIB per capita das cidades com mais de 500 mil habitantes. Na crise de 2009, as capitais em geral se destacaram — responderam por 34,7% da renda nacional — por concentrarem serviços financeiros, turbinados por medidas de impulso ao crédito. E também pelo maior peso da administração pública, já que em anos difíceis os gastos de governo ganham peso frente à atividade industrial.

Ao lado de Porto Velho, o Rio foi a capital que mais elevou seu peso no estado: respondeu por 49,7% da economia estadual, contra 46,3% em 2008. Além de ganhar participação indiretamente pela perda dos municípios produtores de petróleo, como Campos e Macaé, a renda da cidade cresceu pelo bom desempenho da indústria, em especial de alimentos e bebidas.

— A indústria menos afetada em 2009 foi aquela voltada a atender ao mercado interno, caso de alimentos e bebidas — diz Sheila Zani, do IBGE.

O economista Mauro Osorio, da UFRJ, diz que o impacto da crise foi mais brando em economias com participação maior de serviços, sustentados pelo mercado interno. Embora avalie que o Estado do Rio ainda terá seu crescimento fortemente atrelado ao petróleo nos próximos anos, ele espera que a capital se beneficie de investimentos gerados pelas Olimpíadas de 2016. Para o economista Marcelo Neri, da FGV, esse efeito aparece desde a escolha da sede, em 2009:

— Nos 12 meses até maio a renda carioca cresceu 14,3%, ante 6,1% no conjunto das seis maiores metrópoles do país, segundo o IBGE — disse Neri. (F.R. e M.D.)