Título: Luta contra corrupção garante Prêmio Especial
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 16/12/2011, O País, p. 20

Innovare contempla advogado da AGU que criou, em 2009, grupo para recuperar dinheiro público desviado

BRASÍLIA. Em 1998, um dos maiores escândalos de corrupção do país veio à tona: R$169 milhões, que seriam usados na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, foram desviados dos cofres públicos. Entre os suspeitos estavam o juiz Nicolau dos Santos Neto e o então senador Luiz Estevão. O advogado André Mendonça era apenas um dos brasileiros que assistiram ao caso pela televisão. Ainda não sabia que, 13 anos mais tarde, seria um dos responsáveis pela recuperação de parte do dinheiro.

Em 2010, a Justiça determinou a restituição de R$55 milhões aos cofres públicos, em decisão tomada a partir de uma ação proposta pela Advocacia Geral da União (AGU) - mais especificamente, pelo Grupo Permanente de Atuação Pró-Ativa, coordenado por André Mendonça. Foi apenas uma das vitórias de 2011, quando foram recuperados R$329,9 milhões desviados em esquemas de corrupção. No mesmo período, o grupo entrou com 2.343 ações na Justiça pedindo de volta R$2,14 bilhões.

A maior parte do dinheiro é cobrada de prefeitos, servidores públicos e empresários. A atuação rendeu aos advogados o Prêmio Innovare deste ano, na Categoria Especial, que teve como tema Combate ao Crime Organizado, e foi entregue em cerimônia no Supremo Tribunal Federal (STF). Além de uma estatueta, o grupo receberá R$50 mil em dinheiro, para a compra de equipamentos de trabalho.

O grupo é formado por 110 advogados em diferentes pontos do país desde 2009. Mendonça foi um dos mentores do grupo. A ideia partiu da constatação de que a AGU atuava apenas se defendendo em processos. As cobranças de dívidas eram raras.

- A gente sabia que estava em débito com a sociedade. Historicamente, discutíamos o que fazer frente a essa demanda - conta Mendonça, com 38 anos de idade e 11 de AGU.

O poder público tem conseguido reaver a cada dia mais dinheiro desviado. Há quatro anos, o índice era de 1% do valor cobrado. Em 2011, 15%. A meta é atingir 25% em 2016.