Título: Bloco cria comissão para estudar adesão
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 21/12/2011, Economia, p. 31

Acordos com palestinos e sobre as Ilhas Malvinas são assinados

MONTEVIDÉU. Para superar a crise provocada pela questão venezuelana, o Mercosul decidiu criar uma comissão para estudar o problema e fazer recomendações aos governos dos quatro países fundadores do bloco. Os integrantes desta comissão, que também analisará o pedido feito pelo governo do Equador de ser membro pleno, serão designados pelos presidentes. Também foi aprovada a seguinte declaração: "Todos concordamos com a importância de concluirmos, no mais breve prazo, o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul".

- Foi uma maneira de sair dessa saia justa - comentou uma fonte paraguaia.

No início do dia, quando ainda circulavam versões sobre a possibilidade de o Paraguai ceder às pressões venezuelanas, líderes da oposição paraguaia, acusados por Chávez de pertencerem à extrema direita, voltaram a afirmar que, se Fernando Lugo aceitasse a proposta do Uruguai - que previa liberar o pedido venezuelano apenas com a aprovação do Executivo paraguaio -, seria solicitado o impeachment do presidente de seu país. Em Montevidéu, dirigentes como o ex-presidente Luis Lacalle, chegaram a afirmar que essa medida "feriria de morte do Mercosul".

Os únicos entendimentos que saíram ontem do papel foram o acordo de livre comércio com a Palestina, um compromisso com a democracia e uma declaração do "compromisso já assumido com a causa argentina de soberania sobre as Ilhas Malvinas". O bloco aderiu a uma resolução da União de Nações Sul-americanas (Unasul) que determina que navios com bandeira das Ilhas Malvinas não podem atracar em portos do Mercosul, sempre e quando não seja violada uma lei interna dos países ou alguma legislação internacional.

Em seu discurso, Dilma confirmou que o aumento da lista de produtos que poderão elevar suas tarifas de importação para países de fora do bloco, solicitado por Argentina e Brasil, foi aprovado. Dos atuais cem produtos, os países poderão incluir outros cem temporariamente até 2014. (J.F, enviada especial.)