Título: Petrobras dispara e Bovespa avança 2,83% em dia de ganhos pelo mundo
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 21/12/2011, Economia, p. 30

Dólar cai 1,07%, a R$1,845, com menor pessimismo de investidores

RIO e WASHINGTON. Os mercados financeiros tiveram um dia em forte alta ontem no mundo com investidores menos pessimistas após os ministros da zona do euro terem se comprometido a emprestar 150 bilhões no Fundo Monetário Internacional (FMI), além de números melhores no mercado imobiliário dos Estados Unidos. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), avançou 2,83%, aos 56.864 pontos. Os ganhos foram liderados pelas ações da Petrobras, que tiveram seu melhor desempenho neste ano. Já o dólar comercial recuou 1,07%, a R$1,845, reflexo da menor aversão a risco por parte de investidores no mundo.

- A Bolsa foi muito influenciada pelo cenário internacional mais favorável. E não teve nenhuma notícia negativa que esfriasse os ânimos - disse o economista da CM Capital Markets, Maurício Nakahodo.

Os investidores foram surpreendidos positivamente pelo aumento de 9,3% nas construções de novas moradias nos EUA em novembro, após queda de 2,9% em outubro. O dado veio muito acima das expectativas dos analistas, que ficavam na faixa de 1%.

Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 2,87%, com a recuperação de ações de bancos. O Nasdaq, do setor de tecnologia, avançou 3,19%.

Espanha consegue rolar dívida a custo mais baixo

Além dos dados americanos, o Tesouro da Espanha conseguiu rolar ontem sua dívida a um custo menor. E a confiança de investidores da Alemanha cresceu mais do que o esperado em dezembro. Os mercados europeus fecharam em alta nas Bolsas de Londres (1,02%), Paris (2,73%), Frankfurt (3,11%) e Madri (2,44%).

No mercado brasileiro, apenas dez das 68 ações que compõem o Ibovespa fecharam em baixa. O volume financeiro foi de R$5,75 bilhões. Entre as altas, os destaques ficaram para os setores de petróleo e siderurgia. O papel preferencial (PN, sem voto) da Petrobras subiu 4,64%, a R$22,10, maior alta desde 26 de outubro do ano passado. A ação ordinária (ON, com voto) avançou 4,58%, para R$23,74.

Segundo Álvaro Bandeira, diretor de Varejo da Ativa Corretora, os papeis refletiram a valorização das commodities no mercado internacional. Outra petrolífera na Bovespa, a OGX, de Eike Batista, avançou 6,89%, cotada a R$13,65, o maior ganho do pregão.

- Foi um belo dia para os mercados e de recuperação. Mas uma tendência de recuperação depende de o mercado ultrapassar a faixa de 58 mil pontos pelo Ibovespa - diz Bandeira.

Ontem, a Câmara dos Representantes dos EUA rejeitou, por 229 votos contra e 193 a favor, a extensão do corte da alíquota do chamado imposto sobre a folha de pagamento (equivalente à contribuição previdenciária no Brasil) e do pagamento do seguro-desemprego por dois meses. Esse imposto é pago pelos trabalhadores e financia o Medicare, de seguro-saúde, e a Seguridade Social. O presidente Barack Obama afirmou, após a votação, que os republicanos querem elevar os impostos para 160 milhões de americanos a partir de 1º de janeiro.

O prazo pequeno, acertado por republicanos e democratas no Senado, visava a dar tempo para se discutir a extensão do corte por um ano. O texto agora volta ao Senado, cujo recesso começa hoje. Os deputados querem que os senadores cancelem a folga para fechar um novo acordo. O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, pediu que Obama mande o Senado apontar um negociador.

Brasil pode ser 10º maior cotista do FMI no mundo

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou ontem acordo que aumenta a cota de participação do Brasil no FMI. Pelo texto aprovado, que ainda terá de passar pelo plenário da casa, o Brasil passa da 14ª para a 10ª posição no ranking do FMI, com 2,316% das cotas do Fundo.

A elevação da participação brasileira já havia sido aprovada pelo Fundo em dezembro de 2010, mas é necessário que a mudança seja incorporada pela lei brasileira. No início deste mês, a Câmara dos Deputados já havia aprovado o acordo.

As economias emergentes têm pressionado a instituição e conquistado mais espaço ao longo dos últimos anos.

(*) Com agências internacionais