Título: Prefeito de Campinas vai a julgamento
Autor: Simionato, Maurício
Fonte: O Globo, 21/12/2011, O País, p. 14

Réu em processo de impeachment, Vilagra poderá ter mandato cassado

CAMPINAS. (SP) Começou ontem, na Câmara Municipal de Campinas, a sessão de julgamento do processo de impeachment do prefeito da cidade, Demétrio Vilagra (PT). Ele era o vice do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), cassado em agosto passado, em processo semelhante na Câmara, depois que sua mulher, Rosely Nassim Jorge Santos, foi citada em um relatório do Ministério Público como a chefe de uma quadrilha que fraudou contratos públicos na cidade.

O julgamento do petista pode durar três dias. A sessão foi aberta ontem com a leitura de 1.400 páginas do processo. Ao final da leitura, que deve ocorrer apenas hoje à noite, cada vereador poderá falar por até 15 minutos. O processo de impeachment pode terminar só na madrugada de amanhã.

A Comissão Processante que investigou Vilagra concluiu que ele praticou quebra de decoro e, por isso, deve ter o mandato cassado.

Petista nega envolvimento em fraudes na prefeitura

Vilagra aparece entre os denunciados pelo Ministério Público no suposto esquema de fraudes, que veio à tona em maio deste ano, após uma operação do Grupo Especializado de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, em maio.

Foram expedidos na ocasião 20 mandados de prisão, um deles contra Vilagra, que chegou a ser preso, e dois secretários do governo Dr. Hélio: Carlos Henrique Pinto, então secretário da Segurança Pública, e Francisco de Lagos, então secretário de Comunicações.

Durante a ação, a Polícia Civil achou R$60 mil em dinheiro na casa de Vilagra. Ele alegou que parte do dinheiro era proveniente da venda de um veículo. Também negou o envolvimento no suposto esquema de fraudes.

Caso Vilagra perca o mandato, Campinas - com 1,1 milhão de habitantes - pode ter a quarta troca de prefeito em quatro meses. Com isso, o presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), assumiria pela segunda vez o cargo, e a cidade teria novas eleições municipais. A data teria de ser marcada pela Justiça Eleitoral.

A Comissão Processante da Câmara foi aberta no dia 24 de agosto para investigar a suposto envolvimento do prefeito em um esquema de corrupção implantado na empresa de saneamento da cidade (Sanasa).

O pedido de instalação da comissão foi feito pelo vereador Valdir Terrazan (PSDB). O trabalho da comissão foi suspenso pela Justiça no dia seguinte, mas foi restabelecido no dia 17 de outubro após recurso da Câmara Municipal.

Vilagra é acusado de fraudar fornecimento de merenda

A acusação formulada pelo tucano para abrir o processo apontou três denúncias contra Vilagra: fraudes em contratos da Sanasa e duas em outra empresa municipal, por supostas irregularidades em licitações no fornecimento e merenda escolar, além de nepotismo. Para não ser cassado, Vilagra precisa obter os votos de pelo menos 11 dos 33 vereadores.

* Especial para O GLOBO