Título: Tchoukball, um novo esporte nas areias
Autor: Gomes, Rodrigo
Fonte: O Globo, 18/12/2011, Rio, p. 30

Importado da Suíça, jogo vem ganhando adeptos na orla

NO ATAQUE: adeptos do tchoukball treinam na Praia de Copacabana, na altura da Rua Figueiredo Magalhães

rodrigo.gomes@oglobo.com.br

Quem anda pelo calçadão de Copacabana faz cara de interrogação ao ver, na areia, diversas pessoas correndo em diferentes direções, tentando atirar uma bola de handebol em duas pequenas camas elásticas (uma de cada lado da “quadra”). São os praticantes de um novo esporte nas praias cariocas, o tchoukball, criado por um biólogo suíço nos anos 60 e, recentemente, “importado” para nossa orla. O jogo, cujo nome vem do som que a bola faz ao bater na rede do quadro (“tchouk”), vem ganhando adeptos na cidade.

O tal biólogo europeu bolou o esporte porque estava preocupado com a quantidade de lesões sofridas por atletas de outras atividades coletivas. Por isso mesmo, o tchoukball não permite contato físico. Tradicionalmente, a modalidade é praticada em quadras de salão fechadas, mas, no Rio, foi devidamente adaptada para a praia. Começou com uma turma pequena do Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, em Copacabana mesmo. Agora, dezenas de adeptos se encontram na altura da Rua Figueiredo Magalhães, todos os domingos, a partir das 16h.

— Por insistência de um amigo, acabei vindo ao treino. Quando vi a dinâmica do jogo, fiquei louca e resolvi praticar. Desde então, não parei mais — diz Isabel Tamires, de 19 anos, que já sonha em participar de competições internacionais.

Equipe treina na Praia do Flamengo

O tchoukball subverte regras dos esportes coletivos tradicionais: ninguém pode roubar a bola das mãos do adversário, nem derrubá-lo. O objetivo de quem ataca é jogar a bola contra o quadro elástico para que um colega de time segure o “rebote”. Isso configura um ponto. Ambas as equipes (são cinco jogadores por time) podem marcar pontos nos dois lados. Parece fácil, mas o time só pode passar a bola três vezes antes de jogá-la na rede. Se o atacante errar o quadro, o ponto vai para o adversário. Se a bola cair na área proibida depois de bater na rede, também. E quem está se defendendo deve pegar a bola antes que caia no chão.

— Quem ataca fica livre e não é marcado. E a outra equipe só joga se a bola cair no chão. Ou quando, após lançamento no quadro, ela pega o rebote — explica o professor de educação física Cácio Gilla, um dos precursores do esporte no Rio.

Natanael Ferreira, de 22 anos, é outro que encontrou no tchoukball uma paixão, e decidiu cursar a faculdade de Educação Física para ensinar a modalidade a outras pessoas. Há pouco tempo, ele montou sua própria equipe, na Praia do Flamengo, que treina também aos domingo, a partir de 8h.

— A cada dia, chega mais gente querendo praticar. Treinamos todos os domingos, em frente à rampa de skate. Quem quiser conhecer ou jogar uma partida é só aparecer. Não cobramos mensalidade nem taxas. Só cobramos interesse — convida Natanael.