Título: Durante a guerra civil, oportunidade de negócios
Autor: Otavio, Chico; Jupiara, Aloy
Fonte: O Globo, 18/12/2011, O País, p. 14

Minoru começou fornecendo alimentos

Angola ainda era assolada pela guerra civil (1975-2002), iniciada logo após a libertação do domínio colonial português, quando Minoru desembarcou em Luanda em busca de negócios para a rede de supermercados Disco, do Rio de Janeiro. Na contramão da lógica de mercado, ele topou fornecer alimentos para o governo do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), que ainda lutava pelo controle do país, sem exigir em troca as garantias tradicionais, como uma carta de fiança bancária de instituição de primeira linha.

Minoru era superintendente da trading (operadora de comércio exterior) do Disco quando a rede faliu. A essa altura, a ponte com Angola, já pavimentada, permitiu que Minoru transformasse a quebra em oportunidade. Ele comprou a trading, a ATC Indústria e Comércio Internacional, e ampliou os negócios com o país africano. Juntou-se a um ex-colega de trabalho, Reinaldo Reis Vieira, e passou também a fornecer produtos para o projeto Capanda, da brasileira Odebrecht.

Apesar da guerra, Minoru e Reinaldo transformaram-se em dois dos maiores empresários do país, com atividades que vão da construção civil ao comércio varejista. Fator de risco para qualquer empresa, o conflito foi a força motriz dos investimentos da dupla. Um dos carros-chefes foi a construtora Metroeuropa, que faturou tentando refazer aquilo que a guerra havia destruído. Em 2002, com a paz definitiva, os negócios se diversificaram e migraram para a área de serviços. Três anos depois, Minoru e Reinaldo desfizeram a sociedade.