Título: Agora livre das enchentes do Tietê?
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 22/12/2011, O País, p. 11
Favela paulista ganha dique, mas moradores dizem que ainda falta testar
A FAVELA Jardim Pantanal recebeu piscinão para controlar enchentes
SÃO PAULO. Alagada por três meses consecutivos entre o fim de 2009 e o começo de 2010, a favela do Jardim Pantanal está um pouco diferente após as obras feitas este ano pela prefeitura e pelo governo de São Paulo para resolver o problema provocado pelas águas do Rio Tietê, próximo à comunidade. Em época de chuva, o rio transborda e alaga a favela inteira.
— Eles fizeram toda essa obra, mas ainda não choveu para vermos se vai funcionar mesmo. Tomara que sim, né? — torce Maria de Lourdes Nunes, moradora da Rua João Barbosa Rabelo, referindo-se a um grande canal no local para desviar a água do Tietê.
De sua casa, dona Maria de Lourdes vê, do outro lado da rua, a canaleta que coleta as águas das chuvas, que desaguam no piscinão construído para conter os alagamentos frequentes no local. Para que as águas do Tietê e do córrego Três Pontes não avancem com chuvas intensas para as áreas mais baixas do Jardim Pantanal, foi construído também um dique de aproximadamente 1.600 metros de comprimento. Trata-se de uma estrutura de barragem que deve impedir a invasão da água e terá capacidade para 15 milhões de litros. Um sistema de bombas vai despejar a água de volta ao rio quando o Tietê subir, impedindo os alagamentos.
Segundo a prefeitura, 389 famílias foram removidas para que as obras fossem feitas. Uma delas foi a de Irany Nascimento, até hoje sem ter onde morar.
— Estou recebendo o bolsa-aluguel, que é de R$300, mas pago um aluguel de R$350. A conta não fecha — reclama.
A casa de Gilberto Gonçalves da Silva, que mora no Jardim Pantanal há 13 anos, ficava ao lado de alguns barracos que foram removidos. Ele conta que, na época, houve muito sofrimento, mas que tudo valeu a pena porque a favela agora voltou a ser “um bairro bom de se morar”.
A prefeitura e o governo do estado investiram R$70,5 milhões nas obras. Como o bairro fica muito próximo do Rio Tietê, os alagamentos eram frequentes na comunidade. No começo de 2010 foram mais de 40 dias com chuvas torrenciais, e os problemas se avolumaram por meses a fio. (Adauri Antunes Barbosa)