Título: Ação para coexistência
Autor:
Fonte: O Globo, 22/12/2011, Opinião, p. 7

OSIAS WURMAN

Circulando em Israel, pode-se notar uma latente preocupação com a segurança nacional, no item referente ao Irã, e no desdobramento dos movimentos de massa nos países árabes.

Os movimentos revolucionários, nas ruas, podem derrubar ditadores e trazer eleições, mas apenas eleições não respondem ao maior problema, que é a pobreza dos povos e o desemprego dos jovens.

Já a ameaça iraniana não atinge somente a Israel. É problema para todas as nações ocidentais e para muitos países árabes produtores de petróleo.

Após os atentados de 11/9 nos EUA, nos trens em Madrid, no metrô de Londres, na Rússia etc., as nações entenderam que é um mal que ataca e ameaça a todas as nações, e decidiram combatê-lo.

No caso do Irã, as nações também achavam que era problema apenas de Israel. Agora, quando aparecem as provas irrefutáveis da AIEA de que o Irã constrói mísseis com alcance de 3.000 km, e sabendo-se que Israel dista apenas 700 km do Irã, as nações entendem que o problema é global e finalmente aplicaram as sanções. As recentes cenas da invasão à embaixada inglesa em Teerã não deixam dúvidas sobre os propósitos iranianos.

Ouvindo e conversando com personalidades israelenses, e com o povo nas ruas, fica claro que todos almejam coexistir com um futuro Estado Palestino, fruto de negociações diretas entre as partes, mas admitem que o Irã, e seus financiados, são o maior obstáculo no momento.

Mas é importante que este futuro Estado seja governado por líderes que representem a maioria do povo palestino, incluindo Gaza e Cisjordânia, e que não tenham nos estatutos de suas organizações precursoras o objetivo de eliminar Israel.

O relativo clima de paz existente na Cisjordânia foi fator fundamental para um crescimento anual entre 9% a 10% , nos últimos anos.

Israel retirou muitos bloqueios das estradas, além de cooperar ativamente com a AP em assuntos de segurança, o que trouxe muitos investimentos europeus e americanos para a área.

A preocupação maior é a perigosa expectativa criada pela liderança palestina no sentido de conseguir avanços unilaterais na ONU. Caso a iniciativa falhe, o que acontecerá nas ruas?

O momento exige ponderação israelense e palestina e, principalmente, uma ação enérgica mundial para deter o avanço nuclear do Irã e estimular a coexistência pacífica entre os povos.

OSIAS WURMAN é cônsul honorário de Israel no Rio.

oglobo.com.br/opiniao