Título: Ditador com passaporte brasileiro
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Fonte: O Globo, 23/12/2011, O Mundo, p. 31

Kim Jong-un, o novo líder norte-coreano, usou documento falso para ir à Disney

O líder KIM Jong-un

PYONGYANG. O novo ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, quem diria, já foi brasileiro. Segundo uma reportagem do jornal japonês "Yomiuri Shimbun", o filho escolhido por Kim Jong-il - morto no sábado - para ser seu sucessor no comando do país visitou secretamente a Disney de Tóquio, usando um passaporte brasileiro. Kim Jong-un, o caçula do ditador, teria entrado no Japão na infância, com outra criança. De acordo com o jornal, o acompanhante seria seu irmão Kim Jong-chol.

Especula-se que uma das razões para que o primogênito de Kim Jong-il tenha sido preterido na sucessão norte-coreana teria sido justamente uma viagem ao Japão. Kim Jong-nam, irmão mais velho de Jong-un e Jong-chol, foi detido em Tóquio em 2001 quando tentava entrar no país com um passaporte falso. Ele mesmo teria dito que sua intenção era visitar a Disney. Jong-nam terminou expulso do Japão.

Já os dois irmãos mais novos tiveram sucesso, usando passaportes brasileiros verdadeiros e identidades falsas, segundo o jornal japonês. Eles entraram no Japão em maio de 1991 e voltaram à Coreia do Norte 11 dias depois, afirma o "Yomiuri Shimbun", citando fontes dos serviços secretos. O novo ditador, que tinha 8 anos, passou-se por Joseph Pak. Ele e Jong-chol teriam obtido vistos em Viena. Os serviços de segurança japoneses suspeitaram de sua identidade, mas, quando uma investigação foi iniciada, ele já tinha deixado o país. Ainda de acordo com o jornal, recibos de cartão de crédito comprovam a visita à Disney.

Agora, após a morte de Kim Jong-il, o governo se esforça para reforçar o culto à personalidade da família e transferir ao filho a credibilidade da qual o pai desfrutava entre os norte-coreanos. Segundo a lenda predominante entre os norte-coreanos, Kim Jong-il teria nascido no monte Paektu, considerado sagrado, e sua chegada ao mundo teria sido saudada por um par de arco-íris. Assim como o nascimento, a partida do ditador não poderia passar despercebida na natureza. Segundo a nova versão oficial, no último sábado, quando ele morreu durante uma viagem de trem, uma forte tempestade de neve foi interrompida, e o céu se cobriu de vermelho sobre o monte Paektu minutos antes da morte. Mas não é só isso. A imprensa estatal diz que o gelo sobre o lago vulcânico Lake Chon se rompeu com um grande rugido, em uma fúria da natureza que nem a Disney seria capaz de reproduzir.