Título: Polícia Civil instaura inquérito sobre contaminação na Reduc
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 23/12/2011, Economia, p. 27
De acordo com delegado, Petrobras dificultou trabalho
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) da Polícia Civil do Rio instaurou inquérito ontem contra a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras. Técnicos da delegacia estiveram na Reduc na quarta-feira, recolhendo amostras de água, que serão encaminhadas para análise. Caso seja constatada a contaminação da água denunciada pelo Sindicato dos Petroleiros de Caxias (Sindipetro Caxias), pode ser instaurada uma ação penal contra a refinaria.
- A Petrobras dificultou ao máximo nosso trabalho. Só depois de cinco horas na Reduc é que conseguimos colher as amostras de água - disse o delegado da DPMA, Fábio Pacífico, que fez a inspeção com o auxílio de técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). - Essas amostras, assim como as encaminhadas pelo Sindipetro de Caxias, serão alvo de laudo técnico. Estamos encaminhando-as para análise pelo próprio Inea, pela Cedae e pelo laboratório Noel Nutels.
Segundo denúncia do Sindipetro Caxias, cerca de 20 trabalhadores que beberam água ou tomaram banho na madrugada da última segunda-feira na Reduc tiveram diarreia. Os funcionários, ainda de acordo com a denúncia da entidade, teriam sido contaminados com água ácida - com elementos como amônia, gás sulfídrico e querosene.
A contaminação, ainda conforme dirigentes do Sindipetro Caxias, teria ocorrido porque a água potável que chega à refinaria a partir da represa de Saracuruna foi contaminada após ter sido utilizada no processo industrial da empresa, desabastecida devido uma pane na adutora do Rio Guandu na madrugada de segunda-feira.
- A legislação ambiental prevê que a água potável seja segregada da água de processo, mas a Reduc tem 50 anos e não se adequou às exigências - disse o presidente do Sindipetro Caxias e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi.
Água e quentinhas para contornar problema
De acordo com Zanardi, a Petrobras não admitiu o problema e se recusou a liberar os funcionários até que a situação se normalizasse. Na quarta-feira pela manhã, três mil trabalhadores protestaram na porta da Reduc, que só então suspendeu as atividades de dez mil de seus 12 mil contratados. Segundo funcionários, a refinaria está operando sem água e distribuiu quentinhas e garrafas d"água nos últimos dias.
A Petrobras, por sua vez, informou que solucionou o problema no sistema de água potável da Reduc. A empresa disse que, na terça-feira, foram realizadas análises dos principais parâmetros físico-químicos de potabilidade da água da refinaria, estando todos os parâmetros de acordo com os padrões da portaria MS 2.914, do Ministério da Saúde. A petrolífera disse que o abastecimento de água potável da Reduc está normalizado.
Já o Ministério Público Federal ainda não começou a examinar o relatório da Polícia Federal com 19 indiciados - entre eles a Chevron e a Transocean - sobre o vazamento ocorrido em um poço da petrolífera americana no Campo do Frade, na Bacia de Campos.
Segundo a diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard, o projeto do poço exploratório da Chevron apresentado ao órgão regulador não mostrava uma falha geológica que pode ter sido determinante para o vazamento no local perfurado.