Título: Reprovação em alta
Autor: Vilela, Isbel; Mariz, Renata; Santos, Danielle
Fonte: Correio Braziliense, 04/09/2009, Brasil, p. 11

MEC considera insatisfatórios 40,2% dos cursos universitários oferecidos no Distrito Federal

José Geraldo, da UnB: exame revela diagnóstico correto sobre a realidade

Mais de 20% dos cursos avaliados pelo Ministério da Educação no país em cerca de 15 áreas do conhecimento receberam as piores notas ¿ 1 ou 2, numa escala que vai até 5 ¿ no Conceito Preliminar de Curso (CPC), medido com base em informações de 2008. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, das 149 graduações que passaram pela malha fina da qualidade do ensino no Distrito Federal, 40,27% receberam CPC 2, considerado insatisfatório. Com média 3, ficaram 26% dos cursos, 6% receberam nota 4 e cerca de 5% dividiram os extremos, com pontuação 1 e 5. O restante (24% do total) não teve conceitos atribuídos, por motivos diversos, como os cursos serem novos.

No DF, só quatro deles, todos de engenharia e da Universidade de Brasília (UnB), tiveram nota 5 no CPC. Eles se dividem em engenharia civil, de controle e automação, eletrotécnica e telecomunicações. Dezoito graduações da instituição foram avaliadas, das quais 10 tiveram nota 4 e quatro receberam menção 3, considerada mediana, a exemplo de geografia. Para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, o exame revela um diagnóstico correto sobre a realidade das instituições de ensino superior. Ele ressaltou que os cursos da UnB ainda estão acima da média. E prometeu discutir com os coordenadores de cursos formas de atingir a excelência em todas as áreas.

Entre as piores posições no DF, com notas baixas recorrentes em diferentes cursos, estão as Faculdades Integradas da Terra de Brasília, Universidade Paulista (Unip) e Faculdades LS. Essa última, por exemplo, teve a pior menção, nota 1, entre os cursos de letras da capital. A diretora da instituição, Maria Madalena D¿Angelo, se surpreendeu com o resultado. Ela conta que o Ministério da Educação visitou as instalações em 2008 e teria dado nota 4 à faculdade.

Maria Madalena diz que a instituição entrará em contato com a pasta para saber os motivos que pressionaram a pontuação para baixo. O diretor da Unip, José Augusto Nasr, afirmou que não está ciente da nota 1 que a universidade recebeu nas graduações de engenharia eletrônica e de computação, e no curso de tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas. ¿Estou achando estranho, são cursos novos que não têm ainda um número suficiente de alunos. Então, eu não posso falar nada sem ter esses dados na minha mão¿, destaca. O MEC visitará in loco as instituições que receberam CPC 1 e 2. Tentará solucionar os problemas detectados e, quando isso não ocorrer, promete puni-las.

Avaliação

Veja a classificação de alguns cursos, no DF, analisados pelo MEC

Matemática Melhor média Universidade de Brasília Enade: 3 CPC: 4

Pior média Faculdades Integradas da Terra de Brasília Enade: 2 CPC: 2

Letras Melhor média Universidade de Brasília Enade: 4 CPC: 4

Pior média Faculdades LS Enade: 1 CPC: 1

Biologia Melhor média Universidade de Brasília Enade: 5 CPC: 4

Pior média Faculdades Integradas da Terra de Brasília Enade: 2 CPC: 2

Pedagogia Melhor média Universidade de Brasília Enade: 4 CPC: 4

Pior média Centro Universitário de Brasília Enade: 1 CPC: 2

Arquitetura e Urbanismo Melhores médias Centro Universitário de Brasília e Centro Universitário Euro-Americano Enade: 3 CPC: 3

Piores médias Universidade de Brasília e Universidade Paulista Enade: 2 CPC: 3

História Melhor média Universidade de Brasília Enade: 4 CPC: 4

Pior média Centro Universitário de Brasília e Faculdade Projeção Enade: 3 CPC: 3

Ciência da Computação Melhores médias Universidade de Brasília e Universidade Católica de Brasília Enade: 3 CPC: 3

Pior média Universidade Paulista Enade: 2 CPC: 2

* Outros cursos não foram destacados devido ao número pequeno de instituições que os oferecem no DF. Mas confira a lista inteira no site do www.correiobraziliense.com.br.

Vestibular proibido

Cinco cursos de quatro instituições de ensino superior ¿ localizadas em São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro ¿ estão proibidos pelo Ministério da Educação (MEC) de fazer vestibular ou receber alunos por transferência. A sanção se deve ao baixo desempenho no Conceito de Curso (CC), um indicador criado pelo MEC para chegar a um retrato muito fiel das graduações ofertadas no país.

A qualidade dos cursos é avaliada, em primeiro lugar, pelo Conceito Preliminar de Curso (CPC), que vai de 1 a 5. Quem obtém notas 1 ou 2, cuja menção é insatisfatória, recebe visita de comissões do MEC. Se essa segunda avaliação, feita in loco, confirmar a baixa qualidade do ensino, são aplicadas medidas cautelares, como as que sofreram os cinco cursos proibidos ontem de fazer vestibular. O MEC também anunciou ontem outra punição. Cerca de 80 cursos que receberam nota 2 no CC terão de reduzir em 30% as vagas oferecidas anualmente. No total, serão cortadas 2,5 mil vagas.

Na avaliação de Maria Paula Dallari Bucci, secretária da Educação Superior no MEC, cursos que apresentam CC 1 ou 2 são claramente deficientes. ¿Não há dúvidas de que a instituição tem problemas. Estamos fazendo tudo dentro dos parâmetros da lei para não haver questionamentos. A intenção é estimular uma oferta de ensino superior de qualidade¿, afirma Maria Paula. O MEC vai, ainda, arquivar 336 pedidos de abertura de novos cursos em instituições que registraram resultado insatisfatório no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2008, divulgado na última segunda-feira (31). Cerca de 260 instituições tiveram IGC 1 e 2.