Título: Segregação desagrada a estudantes chilenos
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Fonte: O Globo, 25/12/2011, O Mundo, p. 33

Educação levou milhares de jovens às ruas e governo ampliou sua impopularidade

SANTIAGO. As palavras do presidente chileno Sebastián Piñera, no fim de 2010, de que 2011 seria o ano da Educação Superior, acabaram sendo premonitórias. Durante oito meses, estudantes universitários se mobilizaram para cobrar um ensino gratuito e de qualidade. Eles também criticaram o lucro em unidades que recebem dinheiro do Estado.

Durante este período, não somente conseguiram o respaldo de professores, reitores e trabalhadores das universidades, como também obtiveram forte apoio da população. Pesquisas chegaram a mostrar que 80% dos chilenos eram simpáticos aos estudantes. Um duro golpe na popularidade de Piñera que, em 2012, precisará dar mais atenção à questão.

Apesar do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2009, mostrar que o Chile foi o país que mais avançou em relação a 2006, ele apareceu como o sistema educacional mais segregado socialmente na América Latina.

A diferença de qualidade entre as escolas é muito grande. Boa parte dos estudantes precisam se endividar para ingressar na Educação Superior. As mensalidades das universidades estão entre as mais caras do mundo. Além disso, o governo não oferece qualquer apoio financeiro aos estudantes. De acordo com José Joaquín Brunner, da Universidade Diego Portales, 2011 teve mais de um milhão de matrículas em instituições de Ensino Superior. Aqueles que começaram a estudar "enfrentavam dívidas e incertezas de como iriam pagar os empréstimos".

O subdiretor do Centro de Estudos Públicos, Harald Beyer, afirma que as altas expectativas geradas durante a campanha presidencial de 2009 e "a baixa popularidade do governo durante 2011, além da falta de uma gestão política apropriada alimentam as manifestações".

Além disso, os líderes estudantis têm grande carisma. A hoje ex-presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech) e estudante de Geografia Camila Vallejo se destacou por sua capacidade de mobilização. Ela foi eleita personagem do ano pelos leitores do jornal inglês "Guardian", e foi citada pela "Time".