Título: Premiação foi tema de polêmica na crise de 2008
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 25/12/2011, Economia, p. 25

O pagamento de bônus milionários a executivos ganhou as manchetes na esteira da crise de 2008. Algumas empresas do setor financeiro que quase faliram e foram socorridas com dinheiro público pagaram bônus generosos no início de 2009. Em março daquele ano, a seguradora americana AIG, que recebeu um socorro de US$180 bilhões do governo na crise, pagou US$165 milhões de adicional a seus executivos, gerando críticas de todos os lados.

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado, também atuou para aumentar a transparência das informações sobre a remuneração dos executivos. Em dezembro de 2009, foi editada a Instrução 480, regulamentando o registro das empresas de capital aberto.

Assim, foi criado o Formulário de Referência, documento eletrônico pelo qual as companhias prestam informações públicas - entre elas a remuneração dos administradores e membros do conselho fiscal.

A instrução da CVM foi contestada na Justiça pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), justamente no quesito da informação dos salários. Atualmente, uma liminar da 5ª Vara Federal do Rio de Janeiro permite às empresas não divulgarem a informação. Em nota, a CVM afirma que segue atuando para derrubar a liminar e que "apenas as companhias amparadas pela decisão judicial" não estão obrigadas a fornecer os dados. Mesmo com a contestação judicial, muitas empresas estão divulgando as informações completas.

- Mas no Brasil não houve situações extremas como nos Estados Unidos - destaca Christian Mattos, diretor da consultoria Towers Watson.

Para o executivo, a questão está mais na esfera da governança corporativa. Nesse caso, embora o mercado brasileiro ainda não tenha tradição na divulgação das políticas de remuneração das empresas, algumas empresas estão avançadas em práticas de transparência.