Título: Nas estradas, 91 mortos no Natal
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 27/12/2011, O País, p. 3
Número de vítimas fatais caiu 20% de sexta a domingo, mas colisões aumentaram
APolícia Rodoviária Federal (PRF) anunciou ontem uma queda de 20% no número de mortos nas estradas federais no Natal deste ano. Entre sexta-feira e domingo, policiais rodoviários registraram 91 mortes em acidentes. Nesse mesmo período do ano passado, 114 pessoas perderam a vida em desastres nas estradas federais. O número de feridos também caiu de 1.455 ano passado para 1.251 este ano. Mesmo com a redução da violência, o risco nas estradas federais permanece alto. O número de acidentes no período aumentou em 1%, de 1.964 casos para 1.984.
A direção da PRF atribuiu a queda no número de mortos, em parte, à fiscalização integrada entre agentes federais. Policiais rodoviários federais e estaduais fizeram blitzes simultâneas em pontos críticos de estradas e cidades. Agentes de departamentos estaduais de trânsito (Detrans) também participaram da operação. O esforço deve se repetir no Ano Novo. O governo decidiu aumentar o policiamento ostensivo para conter a escalada da violência no trânsito. Ano passado, 40.610 pessoas morreram em desastres, estatística que põe o Brasil entre os países com o trânsito mais violento do mundo.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a classificar a situação de epidemia. Para a PRF, a presença dos policiais nas estradas é fundamental. Férias foram canceladas, e 9.200 policiais devem estar em atividade em plantões de 24 horas por 72 horas. Ou seja, o policial trabalha um dia e folga três. A mobilização deve ser mantida até o próximo dia 2 de janeiro.
- Quanto mais viaturas você coloca nas rodovias, maior a sensação de segurança, maiores as chances de se reduzir acidentes - disse Fabiano Moreno, chefe da Divisão de Comunicação Social da PRF.
Segundo o policial, a queda das mortes está relacionada também à mudança na fiscalização. Policiais rodoviários estão sendo orientados a coibir ultrapassagens perigosas e impedir que motoristas embriagados circulem livremente. Desde a aprovação da Lei Seca, há três anos, a Polícia Rodoviária Federal prendeu 34 mil motoristas mil acusados de embriguez. Outros 82 mil foram multados pelo mesmo motivo. A policia diz também que aumentou o volume de notícias sobre motoristas bêbados, e isso teria um papel educativo.
- Depois da aprovação da Lei Seca, qualquer acidente mais grave envolvendo motoristas embriagados é notícia. Antes, não era assim. Isso ajuda a conscientizar alguns motoristas - disse Moreno.
Em 3 dias, 297 presos por dirigirem bêbados
De sexta até domingo, 18.128 motoristas foram submetidos ao teste do bafômetro. Desse total, 297 foram presos e 659 multados por dirigir sob efeito de bebida alcoólica. Pelos dados da polícia, 2.975 motoristas foram flagrados em ultrapassagens em locais proibidos. A infração é considerada gravíssima e implica em multa de R$191,54, além de sete pontos na carteira de habilitação. A Polícia Rodoviária Federal também registrou nesse período 1.984 acidentes, 20 a mais que ano passado, quando foram contabilizados 1.964 desastres.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, trocou o comando da PRF em abril deste ano. A nova diretora da instituição, Maria Alice Nascimento Souza, assumiu com a promessa aumentar a fiscalização e reduzir o número de acidentes. Segundo um de seus auxiliares, a diretora passou a cobrar programas e cumprimento de metas das superintendências estaduais. O estilo gerencial é uma novidade dentro da PRF. Até então, os administradores da instituição lançavam ideias, mas não tinham instrumentos para verificar resultados.
Cardozo também decidiu articular as ações da Polícia Rodoviária Federal, um departamento do Ministério da Justiça com a Secretaria Nacional de Justiça (Senasp). Com a entrada da Senasp em cena, o governo federal abriu caminho para aproximar as ações da Polícia Rodoviária Federal da atuação das polícias rodoviárias estaduais e dos Detrans. Os ministérios das Cidades e dos Transportes também estão participando deste esforço.
- Hoje, você já pode ver mais barreiras policiais nas estradas e também mais agentes dos Detrans e das polícias militares em algumas cidades. Isso torna a fiscalização mais eficaz - disse um assessor do Ministério das Cidades.