Título: Tiririca: 100% de presença e nada de discurso
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/01/2012, O País, p. 5

Acelino Popó foi o deputado-celebridade menos presente

BRASÍLIA. Em termos de assiduidade, Acelino Popó foi, no grupo, o mais ausente nas sessões plenárias, mas ainda assim manteve 77,4% de frequência - melhor do que muitos políticos experientes e tradicionais. E Popó "deu mole", como dizem os colegas, ao se ausentar de uma sessão solene que ele próprio pedira para realizar, em homenagem à luta marcial krav magá.

Tiririca não faltou a nenhuma sessão deliberativa, contabilizando 100% de presença. É seguido de perto por Romário, que teve 94,4% de presença. A diferença de atuação em plenário das duas mais famosas celebridades desta legislatura, no entanto, é grande. Enquanto o deputado Tiririca não usou, sequer uma vez, os microfones do plenário, Romário falou 11 vezes, entre discursos da tribuna e intervenções, superando até o experiente Stepan Nercessian.

- Quando sentir que está legal, falo. O microfone não é bicho de sete cabeças para mim e plateia boa também. Vou falar para o povo que votou em mim, que acredita em mim. Quando? Vamos ver. Faltam mais três anos. Minha mãe já pediu, minha esposa já pediu, mas não é o momento. Não tenho o que falar, é cedo - justifica Tiririca.

O deputado, que se orgulha da origem circense, disse que já aprendeu o que faz um deputado: trabalha muito e produz pouco; e não é porque não quer produzir, mas porque o sistema é engessado. Ele se dá nota 9:

- O deputado entra, com essa votação toda e pensa: vou chegar com moral, apresentar e aprovar projetos. Mas depois vê que tudo depende de interesses dos partidos, dos líderes.

Na rotina da Câmara esses deputados não esquecem que são celebridades, até mesmo porque o assédio não deixa.

Jean Wyllys não gosta de ser classificado como deputado-celebridade. Diz que não se arrepende de ter participado do BBB, reality show da TV Globo, mas que sua trajetória no movimento social é antiga. Ele acredita que conseguiu se destacar porque havia, na Câmara, um vazio na defesa dos direitos LGBT.

- Ocupei esse vazio de maneira legítima, porque venho do movimento social. Mesmo não aprovando projetos, dá para fazer muito - diz Jean Wyllys, que dá ao primeiro ano de seu mandato nota 8.

Stepan diz que chegou na Câmara disposto a observar e encontrar um foco de atuação. E atribui a si mesmo nota 5 ou 6:

- O esquema aqui é rígido, tem que lutar muito para fazer seu trabalho.