Título: Deputados-celebridades sem vaias no 1º ano
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/01/2012, O País, p. 5

Eleitos em 2010 alvo de desconfiança, famosos como Romário e Jean Wyllys tiveram atuação destacada na Câmara

BRASÍLIA. Eles não fizeram feio. Os deputados-celebridades chegaram ao Congresso, no início de 2011, sob desconfiança quanto à capacidade política, mas terminam o primeiro ano de mandato aprovados. Alguns até tiveram atuação destacada como parlamentar, missão difícil num universo de 513 deputados. No geral, foram assíduos nas sessões plenárias e de comissões, usaram a fama para influenciar nas áreas de atuação e optaram pela discrição em situações que exigiam conhecimentos específicos. E os poucos escorregões por práticas antigas condenáveis não chegaram a comprometer a atuação dos novos políticos.

A avaliação, constatada pelo monitoramento da atuação desse grupo de deputados, é compartilhada pelo diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, que acompanha o dia a dia do Parlamento há décadas:

- A novidade é que as celebridades não foram, no primeiro momento, a decepção que todos esperavam. Foram humildes e aceitaram aconselhamento para evitar exposição negativa; buscaram focar em áreas, evitando a exposição folclórica.

Queiroz destaca o trabalho de parlamentar do ex-BBB Jean Wyllys (PSOL-RJ) na comunidade LGBT e na cultura; e a atuação do deputado Romário (PSB-RJ) na defesa dos direitos dos portadores de deficiência e também no esporte.

- Romário foi uma surpresa positiva. Em duas áreas se destacou bem. Duas áreas com relação direta com a vida pessoal, sobretudo no segundo semestre, quando se posicionou sobre a Lei Geral da Copa. Foi disciplinado, quando todos esperavam o contrário - disse Queiroz, em alusão à fama do jogador de não seguir todas as regras da concentração no futebol.

Sobre o ex-BBB, afirmou:

- Jean Wyllys é articulado e, a despeito de ser de oposição, é um deputado propositivo.

Sobre Tiririca (PR-SP), o diretor do Diap, benevolente, contabiliza como saldo ele não ter se exposto de modo negativo:

- Ele tem as limitações dele e evitou se expor ao ridículo. Presidiu uma comissão sobre o circo e está avaliando o Congresso. Vai dizer aos eleitores o que o Congresso faz (como prometera na campanha), e sua opinião importa para os muitos que votaram nele por afinidade.

O ator Stepan Nercessian (PPS-RJ), no primeiro mandato de deputado federal, vive o ambiente da política desde estudante e já foi vereador duas vezes. Para Queiroz, é o que menos age como celebridade, pois é o mais discreto e ainda procura os espaços certos para atuar. Já o jogador Danrley (PSD-RS) e o boxeador Acelino Popó (PRB-BA) não se destacaram ainda, nem positiva nem negativamente.