Título: BC: mercado projeta PIB menor
Autor: Beck, Martha, Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 03/01/2012, Economia, p. 15

Em 2011, brasileiro pagou 14,5% a mais por etanol nos postos de combustíveis

Martha Beck

Fabiana Ribeiro

BRASÍLIA e RIO. O mercado começou o ano revendo para baixo as estimativas da economia. Analistas ouvidos pelo Banco Central (BC) no boletim Focus reduziram de 3,4% para 3,3% as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Também baixaram, pela sexta semana consecutiva, o crescimento previsto para 2011 - de 2,9% para 2,87%.

Segundo o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, estimativas menores são resultado da revisão generalizada do mercado após o fraco desempenho do PIB tanto no terceiro trimestre de 2011 quanto no início do quarto. Perfeito lembra que a produção industrial caiu 0,6% no início do quarto trimestre e deve subir 0,5% em novembro. O Focus reduziu a projeção da produção industrial de 2011 de 0,82% para 0,78%.

A equipe econômica mantém o discurso de que a economia crescerá de 4% a 5%. A aposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é que o salário mínimo e os incentivos ao crédito ajudem a turbinar a atividade este ano.

Na última semana, IPC-S sobe 0,79%, fechando a 6,36%

Para a inflação, segundo o Focus, projeção de 2011 sai de 6,54% para 6,55%. Já para 2012, leve redução: de 5,33% para 5,32%. A previsão do Focus para Selic e taxa de câmbio no fim de 2012 ficou estável, em 9,5% e em R$1,75, respectivamente.

Na última semana de 2011, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,79%, fechando o ano em 6,36%, com a pressão dos alimentos. Destaques foram hortaliças e legumes (0,58%), arroz e feijão (3,75%) e aves e ovos (2,71%).

- A alimentação passa por uma sazonalidade normal. Mas o que se vê é uma inflação mais disseminada. Ou seja: há uma tendência mais generalizada de altas. Não há um vilão - disse Paulo Picchetti, da FGV.

Em 2011, o preço da gasolina subiu 6,59% e o do etanol, 14,58% - altas mais fortes do que em 2010. Especialistas projetam preços dos combustíveis estabilizados no patamar atual.

- O mercado de etanol está estável, com tendência até mesmo de baixa - disse Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina saiu de R$2,612, em janeiro de 2011, para R$2,750 em dezembro. E o do álcool, de R$1,835 para R$2,055. No Rio, os preços - R$2,812 e R$2,243, - ficaram acima da média

- O etanol pode até ficar mais em conta. Mas não com aqueles preços baixos. Deve ficar entre R$2,20 e R$2,30 depois de março - disse Manuel Fonseca, presidente do Sindcomb, que reúne postos de combustíveis.