Título: Espanha anuncia pacote de 15 bi
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 31/12/2011, Economia, p. 21
Governo cortará 8,9 bi em gastos e elevará impostos em 6,2 bi
Do El País*
MADRI e ROMA. O governo da Espanha anunciou ontem, às vésperas do Ano Novo, seu programa econômico para enfrentar a crise fiscal do país. Após duas semanas em silêncio, o gabinete de Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular, revelou a fórmula para reduzir o déficit público: cortar gastos de 8,9 bilhões e elevar os impostos para arrecadar 6,2 bilhões, totalizando 15 bilhões.
A vice-presidente do Governo, Soraya Sáenz de Santamaría, classificou as medidas como "o início do início" de futuros ajustes e explicou, em tom solene, que as receitas têm por meta atacar um déficit público que alcançará este ano 8% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos), dois pontos percentuais a mais do que o previsto pelo governo antecessor de José Luis Rodríguez Zapatero. A previsão é que, em 2012, o déficit fique abaixo de 4,4% do PIB.
Com respeito aos cortes, Soraya explicou que serão desiguais, afetando principalmente as pastas de Fomento ( 1,612 bilhão), Indústria ( 1,091 bilhão), Economia ( 1,083 bilhão) e Relações Exteriores ( 1,016 bilhão).
O anúncio foi feito após a segunda reunião do Conselho de Ministros do governo recém-empossado de Mariano Rajoy. Além de Soraya, participaram os ministros de Economia, Luis de Guindos; Fazenda, Cristóbal Montoro; e Emprego, Fátima Báñez. A Bolsa de Madri subiu 0,95% ontem, mas fechou o ano com queda de 11,09%.
- Estamos vivendo uma situação extraordinária, que nos força a tomar medidas extraordinárias - afirmou a vice-presidente.
Em uma exposição detalhada, Soraya disse que a alíquota do Imposto de Renda de Pessoa Física subirá entre 0,75% e 7%. A alíquota maior recairá sobre aqueles com renda superior a 300 mil de base dedutível. Além disso, o governo aprovou um aumento do Imposto de Bens Imóveis (IBI) nos próximos dois anos, atingindo as residências situadas acima do valor médio. Do mesmo modo, prorrogou para 2012 o Imposto sobre Valor Agregado reduzido de 4% para compra de imóveis novos.
Classe média italiana perdeu 40% do poder de compra no euro
A vice-presidente confirmou que o Executivo espanhol vai prolongar até 31 de março os Orçamentos Gerais do Estado. Também congelará o salário do funcionalismo público, que passará a trabalhar 37,5 horas semanais, e o salário mínimo, atualmente situado em 641,40. Ela disse ainda que elevará as pensões em 2012 em 1%, o que custará ao governo 968,47 milhões.
Na Itália, a organização de defesa do consumidor Codacons divulgou um estudo revelando que a classe média do país perdeu 39,7% do poder de compra nos últimos dez anos, período de vigência do euro. As famílias italianas foram atingidas pelo aumento de preços em geral, inclusive de aluguéis e combustíveis, assim como de impostos.
Segundo a Codacons, as famílias italianas de classe média perderam entre janeiro de 2002 e janeiro de 2012 cerca de 10.850. O relatório afirma que essa situação representa "um verdadeiro massacre para os bolsos das famílias italianas".
(*) Com agências internacionais